A poucos dias das eleições de meio de mandato cruciais para Joe Biden, os democratas soam o alarme sobre supostos riscos à democracia e analisam soluções para a inflação descontrolada. Nesse contexto, o presidente discursou na quarta-feira, 2, falando dos riscos á democracia nos Estados Unidos e da narrativa de fraude que se constrói.
Já sem maioria no Congresso, governo Biden também enfrenta incerteza sobre controle da câmara alta, com resultados das disputas no Arizona, Nevada, Pensilvânia e Geórgia ainda imprevisíveis
Biden "disse claramente que a democracia (nos EUA) estava em perigo". Sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou durante sua coletiva diária que "um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado" das eleições de meio de mandato.
Falando a poucos passos do Capitólio, que foi atacado por uma multidão pró-Trump após a última eleição presidencial – Biden alertou sobre um ataque contínuo à democracia americana. "É inédito. É ilegal. E não é americano", disse Biden sobre os questionamentos que podem ser feitos ao resultado das eleições de meio de mandato. "Como eu disse antes, você não pode amar seu país apenas quando ganha."
O democrata de 79 anos incluiu em sua agenda de quarta-feira o discurso de campanha em Washington sobre os "desafios que as eleições da próxima semana representam para a democracia". Durante as eleições presidenciais de meio de mandato, os americanos renovam todos os 435 assentos na Câmara dos Representantes e um terço do Senado. Também são eleitos governadores e outros cargos locais.
Segundo uma pesquisa da Universidade Quinnipiac divulgada na quarta-feira, 36% dos americanos acreditam que a inflação é o problema mais "urgente" que o país enfrenta e estão mais preocupados com o preço do gás. Em segundo lugar, com apenas 10%, seria o direito ao aborto, em torno do qual os democratas tentaram reunir sua base.
"Devemos, em um só tom, falar como um país e dizer que não há lugar para intimidação de eleitores ou violência política nos EUA, seja dirigida a democratas ou republicanos", disse o presidente. "Nenhum lugar, ponto. Nenhum lugar, nunca."
Antes de abordar a inflação, os democratas passaram grande parte da campanha tratando do direito ao aborto, mudanças climáticas e a guerra na Ucrânia.
Na tentativa de evitar um voto punitivo, Biden está se esforçando para parecer próximo da classe média diante de uma eleição que geralmente é um referendo de fato sobre o presidente e geralmente beneficia a oposição.
<b>Democracia ameaçada</b>
Biden alertou que os candidatos que se recusam a aceitar os resultados da eleição de terça-feira, 8, podem colocar o país no "caminho para o caos". A avaliação do presidente ocorreu quando o FBI e outras agências previram que as ameaças de violência de extremistas domésticos provavelmente aumentarão após a eleição.
"Após as eleições de meio de mandato de 2022, as percepções de fraudes relacionadas às eleições e a insatisfação com os resultados eleitorais provavelmente resultarão em maiores ameaças de violência contra uma ampla gama de alvos – como oponentes ideológicos e trabalhadores eleitorais", diz um documento do FBI.
A capital do Arizona, Phoenix, é a cidade do país onde os preços mais subiram: 13% em um ano. Neste Estado, todos os holofotes estão voltados para o gabinete de governador, onde a ex-jornalista Kari Lake, figura emblemática do trumpismo, lidera nas pesquisas contra sua rival democrata.
Além de atacar diariamente Biden por seu manejo da inflação, a candidata republicana continua a questionar os resultados presidenciais de 2020, alegando, sem provas, que roubaram a vitória a Donald Trump.
O ex-presidente Trump, que nunca admitiu sua derrota, parece estar se preparando para contestar o resultado da eleição se for desfavorável aos republicanos. "Lá vamos nós de novo! Eleição manipulada!", disse o magnata na terça-feira em sua rede social, Truth Social, referindo-se a supostos sinais de fraude na recente votação por correio na Pensilvânia, um estado-chave nas próximas eleições.
<b>Contagem dos votos</b>
Biden exortou os eleitores a serem pacientes após a eleição, observando que as regras para a contagem dos votos significam que alguns resultados podem não ser imediatamente claros. "Sempre foi importante para os cidadãos em uma democracia estarem informados e engajados", disse ele. "Agora é importante que os cidadãos sejam pacientes também."
O presidente também pediu aos cidadãos que levem em consideração o futuro da democracia ao fazer suas escolhas na terça-feira, dizendo que deveriam votar "sabendo o que corremos o risco de nos tornar".
"Nos nossos ossos, sabemos que a democracia está em risco", disse ele. "Também sabemos disso: está em nosso poder, em cada um de nós, preservar nossa democracia."
Ao contrário de seus colegas democratas, muitos republicanos em disputas importantes em todo o país se recusaram a dizer se aceitarão os resultados das eleições de terça-feira. "Vamos ver o que acontece", disse o senador republicano Ron Johnson a repórteres em Wisconsin na terça-feira. Ele está em uma disputa acirrada com o desafiante democrata Mandela Barnes, vice-governador de seu Estado. "Quero dizer, algo vai acontecer no dia da eleição? Os democratas têm algo na manga?". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)