Estadão

Biden indica Powell para segundo mandato na presidência do Fed

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, indicou Jerome Powell para um segundo mandato na presidência do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A decisão, que ainda precisa ser chancelada pelo Senado, foi anunciada nesta segunda-feira, 22, por meio de um comunicado da Casa Branca. A disputa estava entre o atual líder da autoridade monetária e a diretora Lael Brainard, que será vice-presidente da instituição.

As especulações sobre o futuro comando do Fed cresceram nos últimos dias após a imprensa americana informar que Biden fez entrevistas separadas na Casa Branca com Powell e com Brainard.

Republicano, Powell foi indicado ao cargo em 2018 pelo ex-presidente Donald Trump. O antecessor de Biden chegou a cogitar a demissão do banqueiro, em meio a discordâncias sobre elevações na taxa básica de juros, o que teria tido efeito sobre a independência do Fed.

Depois de sobreviver a Trump, liderar uma mudança na meta de inflação e lançar medidas monetárias sem precedentes para responder à crise da pandemia, Powell encerra seus primeiros quatro anos na chefia do Fed em janeiro de 2022.

Na nota divulgada nesta segunda-feira, a Casa Branca diz que o progresso feito na retomada da economia americana, após os choques causados pela pandemia de covid-19, foi resultado do "sucesso" da agenda do governo e da "ação decisiva" de Powell e do Fed para amortecer o impacto da crise e colocar a economia dos EUA "de volta nos trilhos".

"O presidente Powell proporcionou liderança estável durante um período desafiador sem precedentes, incluindo a maior recessão econômica da história moderna e ataques à independência do Federal Reserve", diz a nota.

De acordo com a Casa Branca, Biden tem "total confiança" na experiência, julgamento e integridade tanto de Powell quanto de Brainard, que substituirá Richard Clarida na vice-presidência da instituição.

<b>Histórico </b>

Durante a pandemia de covid-19, iniciada em 2020, Powell esteve à frente da resposta sem precedentes do Fed à crise. Em março daquele ano, quando a disseminação do coronavírus aumentou no mundo, a autoridade monetária fez dois cortes de juros extraordinários, levando a taxa dos Fed funds para a faixa entre 0% e 0,25%. Entre outras iniciativas, a instituição retomou as compras mensais de ativos, por meio do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), e estabeleceu diversas linhas de empréstimos a empresas em parceria com o Tesouro.

O dirigente também coordenou uma mudança na estrutura da política monetária do Fed. Em agosto de 2020, durante o tradicional Simpósio de Jackson Hole, Powell anunciou que a instituição passaria a perseguir uma meta de inflação média de 2%. Na prática, isso significava que o Fed deixaria os preços ultrapassarem a meta de 2% "por algum tempo", para compensar períodos em que haviam estado abaixo desse nível.

Powell assumiu uma vaga no Conselho de Governadores do Fed em 2012. Ele foi reconduzido ao cargo dois anos depois, para um mandato que terminaria em 31 de janeiro de 2028.

Antes de atuar no Fed, Powell foi professor visitante no Bipartisan Policy Center, com foco em questões fiscais. Ele também atuou como secretário adjunto e subsecretário do Departamento do Tesouro americano durante o governo de George H.W. Bush. O dirigente era responsável, entre outros assuntos, por políticas voltadas para as instituições financeiras e o mercado de dívida do Tesouro.

Formado em direito pela Universidade de Georgetown em 1979, Powell trabalhou como advogado e banqueiro de investimentos na cidade de Nova York. Ele também concluiu um bacharelado em Política pela Universidade de Princeton em 1975.

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