Estadão

Biden se une à Europa em sanções à Rússia e diz que invasão está no início

Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia agiram em conjunto nesta terça, 22, para punir a Rússia pela decisão de reconhecer enclaves separatistas no leste da Ucrânia e ordenar o envio de tropas à região. Em uma ação coordenada, americanos e europeus aplicaram sanções contra bancos russos, oligarcas e aliados do presidente Vladimir Putin. A mais significativa delas tem como objetivo vetar o acesso russo ao financiamento de sua dívida soberana – que é a capacidade do país de emitir dívida para se financiar.

Em discurso na Casa Branca, Biden declarou que as sanções contra a Rússia são o começo de uma série que pode se estender caso Putin avance sobre o território ucraniano. "A invasão da Ucrânia está só no início", afirmou o presidente americano. "Ainda acreditamos que a Rússia está pronta para ir muito mais longe no lançamento de um ataque militar em massa contra a Ucrânia. Espero que estejamos errados sobre isso."

Segundo Biden, Putin está criando uma lógica para tomar mais território à força. Na segunda-feira, 21, Putin reconheceu a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no último desdobramento de uma crise que remonta ao fim da Guerra Fria.

No discurso no qual anunciou que avançaria sobre a Ucrânia, Putin acusou o Ocidente de desrespeitar acordos do fim da União Soviética e mover a Otan para o leste, colocando a segurança da Rússia em risco. Segundo o líder russo, a possível entrada da Ucrânia na aliança atlântica seria o próximo passo da estratégia ocidental para ameaçá-lo.

<b>Discurso</b>

O presidente americano também criticou as menções de Putin a aliados da Otan no Leste Europeu em seu discurso de segunda-feira. "Ele atacou diretamente o direito da Ucrânia de existir. Ele ameaçou indiretamente territórios anteriormente ocupados pela Rússia, incluindo nações que hoje são democracias prósperas e membros da Otan e ameaçou com uma guerra a menos que suas exigências extremas fossem atendidas", acrescentou Biden.

O pacote de medidas anunciado ontem por Biden é composto por sanções econômicas a dois bancos russos e a oligarcas, além de cortar do governo russo a possibilidade de levantar dinheiro no sistema financeiro ocidental.

Segundo os EUA, essas instituições financeiras detêm mais de US$ 80 bilhões em ativos. As medidas congelam os ativos nos EUA e proíbem que empresas e cidadãos no país façam transações com os bancos, além de excluí-los do sistema financeiro.

As sanções pessoais foram direcionadas a cinco integrantes da elite do país: Aleksandr Bortnikov e seu filho, Denis; Sergei Kiriyenko e seu filho, Vladimir; e o CEO do Promsvyazbank, Petr Fradkov.

Desde a anexação da Crimeia, Putin vem preparando a economia russa para resistir à pressão econômica internacional. O líder russo acumulou reservas monetárias e reduziu o uso de dólares, o que desafia a estratégia de europeus e americanos de tentar fazer o Kremlin pagar um preço alto pela ação na Ucrânia desta vez.

<b>Mobilização europeia</b>

Na Europa, os bancos russos também foram alvo do governo britânico, já que há vários anos oligarcas e membros da elite do Kremlin destinam seus investimentos à City londrina.

Centenas de bilhões de dólares fluíram da Rússia para Londres e territórios ultramarinos do Reino Unido desde a queda da União Soviética, em 1991, e Londres se tornou a cidade ocidental preferida dos super-ricos da Rússia e de outras ex-repúblicas soviéticas.

Com isso, o premiê britânico, Boris Johnson, decidiu congelar ativos de cinco bancos russos (Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e Black Sea Bank) e impor sanções a três oligarcas russos. Todos os ativos dos sancionados no Reino Unido ficarão congelados e os três indivíduos estão proibidos de entrar no país ou de manter negócios com empresas britânicas.

A União Europeia anunciou também planos para impor sanções a 351 membros da Duma (a Câmara Baixa) que votaram pelo reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk. O anúncio das sanções não pareceu mudar os planos russos. O Conselho Superior da Rússia – equivalente ao Senado – autorizou o envio de soldados russos para as duas regiões separatistas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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