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Biografia, drama e tons de sátira marcam história

Dick Cheney é considerado o vice mais poderoso da história, tendo sido um dos arquitetos da guerra contra o Iraque e da criação da prisão na base de Guantánamo. Mas Vice se propõe a ser mais que biografia. Adam Mckay, responsável pelo roteiro e direção, já disse em entrevistas que a história é também sobre o do Partido Republicano no país.

Em um misto de biografia, drama e tons de sátira, o longa conta a vida de Cheney, desde a juventude errática até a chegada a Washington e sua iniciação na Casa Branca, durante o governo Nixon. Quando chega a vez de George W. Bush disputar a presidência dos EUA, Cheney é convidado para assumir a vice, um cargo que até então desprezava pela insignificância. Mas, diante de um Bush despreparado, ele estabelece suas regras. Aceita o posto desde que não seja um vice decorativo. Cheney, então, passa a ser responsável pelo aumento do poder do Executivo, pela política externa, as forças armadas e molda parte importante do governo de Bush filho (Sam Rockwell) especialmente após os ataques de 11 de setembro.

O Cheney do filme, assim como os relatos sobre o da vida real, é uma figura sombria (Bale já agradeceu a “satã” pela inspiração), cujos interesses na Guerra do Iraque se confundem com o da empresa que dirigiu e que lhe rendeu cifras milionárias: a petrolífera americana Halliburton. O motor que impulsiona Cheney é a esposa – papel de Amy Adams. Nas telas, Cheney aparece menos apegado a uma ideologia e mais à sede pelo poder. McKay foi criticado nos EUA por subestimar a força de crenças do ex-vice presidente, como a na supremacia dos EUA. Vice é parte de um esforço de pesquisa sobre os poucos registros deixados por Cheney, que ainda está vivo mas foge de entrevistas. “Nós fizemos o nosso melhor”, avisa o filme logo no início, deixando claro que há ficção.

Sobre o enredo, não há dúvida de que McKay consegue traçar a biografia de Cheney de forma crítica, mas ao concentrar todo o poder no então vice-presidente, reduz Washington a um só personagem e retira a complexidade comum às decisões políticas. Ao público já crítico aos republicanos, a história vai bem. Aos demais, o diretor manda um recado na última cena – não se levante antes do final.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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