Depois de ganhar as páginas dos principais jornais de circulação nacional por encampar o voto contra a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que defendia a legalização do aborto, o bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini voltou a ser notícia por conta do mesmo assunto. Desta vez mais radical, o bispo condena o aborto até mesmo sob aspecto legal, que garante à mulher a opção de realizá-lo em casos de estupro e quando há risco à saúde da mãe.
Dom Luiz vem recolhendo assinaturas entre os fiéis da Igreja Católica para viabilizar o protocolo de um projeto de lei, de iniciativa popular, na Assembleia Legislativa, que prevê a retirada dessa permissão legal para o aborto da Constituição Estadual. Reservado em um retiro espiritual, o bispo comenta em sua página na internet que, na verdade, a proposta do projeto de lei não é de sua autoria e sim do bispo diocesano de Taubaté, dom Carmo João Rhoden.
Segundo ele, dom Carmo teria iniciado o movimento por legislação estadual contra o aborto no dia 27 de novembro, após o papa Bento XVI pedir ao mundo todo rezar pela vida nascente. "Toda a Igreja Católica é contra o aborto, em todo o mundo, não só no Brasil. A adesão da diocese de Guarulhos é naturalda vida".
"O aborto é o assassinato de um ser humano inocente"
Em entrevista à reportagem por e-mail, dom Luiz afirmou que "o aborto é o assassinato de um ser humano inocente e indefeso". Ele garante também que a iniciativa não deve ser vista como algo pessoal contra a presidente eleita ou ao PT. "Minha participação nas eleições de 2010 foi de continuidade ao trabalho desenvolvido em defesa da vida, iniciado na cidade com o Berardo Graz", disse o bispo.
Ele frisa, entretanto, que o direito de manifestação do pensamento da Igreja Católica foi violado durante a última eleição, após a apreensão do documento impresso, denominado "Apelo a todos os brasileiros e brasileiras". "O Ministério Público Federal Eleitoral emitiu parecer afirmando que é direito dos movimentos sociais debater os temas de seu interesse nas eleições", acrescentou dom Luiz.
Para que o texto, que já conta com o respaldo de oito dioceses, chegue na Assembleia Legislativa são necessárias 300 mil assinaturas. A partir daí a proposta seguiria os trâmites para entrar em votação. A intenção é que, se aprovado pela esfera estadual, o projeto seja levado ao Congresso.