Cinema

Blindagem de veículos no Brasil cresce 8,39% no primeiro semestre de 2011

Veículos importados lideram entre os que solicitam o serviço

Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin) mostra que 3.720 veículos foram blindados no primeiros seis meses de 2011, um aumento de 8,39% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando 3.432 carros receberam esse tipo de proteção. Segundo o órgão, o medo e a crescente violência urbana foram os grandes responsáveis por manter o segmento em alta no país, nesse primeiro semestre.

A blindagem mais praticada no mercado é a de nível III-A, que suporta até tiros de pistolas 9mm e revólveres .44 Magnum. "Esse nível de proteção é o mais adequado à atual realidade enfrentada nos grandes centros, pois garante proteção contra as maiores ameaças de armas curtas de fogo (revólveres, pistolas e submetralhadoras) em mãos da criminalidade", explica Christian Conde, presidente da Abrablin.

No ranking dos estados, São Paulo concentra 80% dos carros blindados do País. Essa liderança é devida tanto à concentração no Estado da maior frota de veículos como pelo aumento da criminalidade. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, os casos de latrocínio – roubo seguido de morte – registraram crescimento de 12% na comparação entre os mesmos períodos, assim como o de roubo de carros, que teve alta de 9,77% (de 34.301 para 37.652 motoristas assaltados).

O Rio de Janeiro vem em segundo lugar, com 10%, seguido por Pernambuco e Paraná, com 2% cada. Os outros 6% desse universo blindado estão distribuídos entre os estados da Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. "O setor tem passado por uma descentralização. Estados do Nordeste, por exemplo, que antes não constavam nas estatísticas da entidade, passaram a ter participação, assim como os estados que compõem a região Sul do país. Esses dados mostram que a violência extrapolou os grandes centros urbanos e que a sensação de insegurança está instalada nas mais diversas regiões brasileiras", afirma Conde.

Trabalho artesanalO processo de blindagem automotiva é complexo e envolve mão de obra especializada. Para a instalação dos materiais, é preciso que algumas partes do carro sejam desmontadas. O nível de blindagem é o que determina as características dos vidros, painéis balísticos e chapas de aço a serem usados. Esses materiais são preparados e moldados de acordo com cada tipo de veículo.

Algumas partes recebem atenção especial, como a junção das portas com as bordas dos vidros, onde deve ser previsto o recobrimento de aço. Concluída a instalação dos materiais, o revestimento interior é recolocado no veículo para que o acabamento mantenha a aparência original. O processo completo de blindagem demora, em média, 30 dias. "Cada blindadora tem um projeto específico. O mais importante é que tanto a parte opaca (lataria) quanto a parte transparente (vidros) recebam a proteção, lembrando que a blindagem parcial é terminantemente proibida pelo Exército", diz Conde.

Importados são os mais blindados 

A pesquisa da entidade também revela o perfil do usuário de blindagem no primeiro semestre do ano. A maioria (65%) continua sendo composta pelo sexo masculino. Desse universo, 22% estão na faixa etária que vai de 50 a 59 anos. Já com relação às mulheres usuárias da proteção balística (35%), a maior parcela, ou 30%, está na faixa de 40 a 49 anos. Do universo total dos usuários, 85% são executivos/empresários; 3%, artistas/cantores; 3%, juízes; 2%, políticos; outras ocupações (7%) completam o perfil.

Entre os carros mais blindados no semestre, de acordo com a Abrablin, os importados reapareceram com força. O Tiguan, da Volkswagen, foi o campeão, desbancando o Corolla da Toyota, que figurava em primeiro no ranking dos blindados desde 2004, seguido pelo XC-60 da Volvo. O Santa Fé, da Hyundai, o Discovery, da Landrover, e o Azera, modelo também da Hyundai completam o rol dos veículos mais blindados durante os seis primeiros meses de 2011. "A queda do dólar e o consequente maior poder de compra do real influenciaram nesse ranking. A situação de ambas as moedas permitiu que pessoas que tinham cerca de R$ 80 mil para investir em um Corolla dessem um upgrade e com mais R$ 10 mil adquirissem um modelo importado bem conceituado como o Tiguan, por exemplo", explica Conde. A pesquisa foi feita com a participação de 28 blindadoras filiadas à entidade, que representam 75% da produção total de veículos blindados no Brasil.

Custos do serviço

O custo médio para se blindar um veículo no primeiro semestre de 2011 foi de R$ 48.150,00. O valor é estimado porque a definição do preço desse tipo de serviço varia em decorrência de cinco fatores.

O primeiro item de diversificação de valores se refere ao nível da blindagem. Quanto maior o nível de proteção, mais caro fica o serviço. O mesmo ocorre em relação à área a ser blindada. A de um carro maior é mais onerosa do que a de um carro pequeno, onde a área a ser protegida é menor.

O tipo de material utilizado é o terceiro fator. Uma blindagem onde se utiliza mais aço tende a ser mais barata do que uma produzida majoritariamente com mantas de aramida. "Porém, o aço deixa a blindagem mais pesada, desgastando mais rapidamente algumas peças do veículo", afirma Conde. A procedência desse material também influencia no valor do serviço. O valor de um kit de vidro blindado para um veículo pode ter alteração de mais de 100%, porém, a diferença em sua durabilidade pode ser muito superior. O projeto de blindagem e o know-how da blindadora e de seus profissionais complementam o rol de diferenciação do preço.

"É importante que sejam vistos cada fator no processo de escolha da empresa que realizará a blindagem do veículo. Mas, vale lembrar que a garantia de segurança deve ser o fator primordial nesse processo de seleção. Só então se deve analisar o preço como ponto decisivo", alerta o presidente da entidade.

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