O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que vendas de armas a Israel seriam feitas em consulta com o Congresso dos Estados Unidos, mas sinalizou que não haveria interrupção em tais transferências após o conflito de 11 dias entre Israel e militantes do Hamas.
"Estamos comprometidos em dar a Israel os meios para se defender, especialmente quando se trata desses ataques indiscriminados de foguetes contra civis", disse Blinken no programa "This Week", da ABC News, neste domingo. "Ao mesmo tempo, qualquer venda de armas será feita em consulta total com o Congresso (…) e queremos ter certeza de que esse processo funcione de maneira eficaz."
Os comentários de Blinken foram feitos no momento em que alguns Democratas no Congresso pediram ao governo Biden que suspenda a venda de armas de US$ 735 milhões a Israel, afirmando que a ajuda militar dos EUA poderia estar ajudando a alimentar o conflito.
"Acho que os Estados Unidos precisam desenvolver uma abordagem imparcial para o conflito israelense-palestino", disse o senador Bernie Sanders (Independente, Vermont), que apresentou uma resolução para bloquear a venda de armas, no programa "Face the Nation", da CBS. "Os Estados Unidos têm de liderar o mundo ao aproximar as pessoas, não simplesmente fornecer armas para matar crianças em Gaza. (…) Nosso trabalho não é simplesmente dar mais e mais apoio militar a Israel."
O último ciclo de violência em Gaza colocou um novo foco no conflito no Oriente Médio, que não tinha sido uma prioridade para Biden em meio à crise doméstica representada pela pandemia do novo coronavírus e pela recessão econômica. O presidente e seu governo pressionaram em particular por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas em meio à violência que matou mais de 250 mortos e feriu outras centenas.
Ecoando comentários de Biden após o cessar-fogo, Blinken enfatizou a necessidade de enviar alívio imediato para lidar com "a grave situação humanitária em Gaza". "Então a reconstrução, reconstruir o que foi perdido e, criticamente, envolver ambos os lados na tentativa de começar a fazer melhorias reais nas vidas das pessoas, para que israelenses e palestinos possam viver com medidas iguais de segurança, paz e dignidade", afirmou.
Blinken também disse que Biden continua "comprometido com uma solução de dois Estados", mas minimizou qualquer expectativa de negociações de paz iminentes. "Precisamos começar a criar as condições que permitiriam a ambos os lados se engajarem de maneira significativa e positiva em relação aos dois Estados", afirmou.
Blinken também abordou os esforços do governo para conter as atividades de proliferação nuclear no Irã e na Coreia do Norte. Enquanto muitos republicanos se opõem à pressão de Biden para renegociar o acordo nuclear com o Irã, Blinken disse que as atividades nucleares de Teerã "aumentam a urgência de tentar colocar o problema nuclear de volta na caixa em que o acordo nuclear o colocou".
O representante disse ainda que o governo adotaria "uma abordagem deliberada e calibrada" em relação à desnuclearização na Península Coreana, mas buscou moderar as expectativas nas negociações com Pyongyang. "Não acho que haverá uma grande barganha em que isso será resolvido de uma só vez", disse Blinken. "Tem que ser uma diplomacia claramente calibrada, passos claros dos norte-coreanos, e avança dessa maneira."