Estadão

Bloco a Banda leva a malandragem do carioca ao Centro do Rio e arrasta foliões

Um folião usando pernas de pau e fantasiado de malandro desfilou pelo Centro do Rio de Janeiro ontem ao som de sucessos de Chico Buarque. O personagem da boemia carioca dos primeiros anos do século passado, marcante na obra do compositor, era um dos destaques de A Banda, um dos blocos que se apresentaram aos cariocas. Sem permissão e sem proibição para desfilar, foliões enfrentaram dificuldades provocadas pela inexistência de apoio oficial – por exemplo, falta de banheiros – para se divertir.

A Banda marcou a concentração às 7 horas na Rua do Mercado, uma das principais vias da região da Praça XV, que concentra boa parte do casario antigo do Centro.

O cortejo circulou pelas ruas até chegar à Praça Mauá, na frente do Museu de Arte do Rio (MAR). Os músicos executaram sucessos como A Banda, Apesar de Você e Morena da Angola, entre outros.

Também no Centro, desfilou de manhã o Docinhos Carinhosos, que se define nas redes sociais como um "bloco psicodélico". Também estava marcada a apresentação, sem desfile, do bloco Superbacana, que homenageia o movimento tropicalista. Seu repertório inclui composições de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé.

Os desfiles dos blocos do Rio ocorrem desde quarta-feira, 20, sem autorização nem apoio da prefeitura. Não há, porém, repressão aos foliões. O cenário é semelhante ao do carnaval verdadeiro, no fim de fevereiro e início de março passados. Na época, por causa do recrudescimento da pandemia de covid-19, não houve festejos oficiais na data marcada no calendário para a festa. Mesmo assim, os foliões tomaram as ruas do Rio em cortejos sem autorização.

Ao cancelar os festejos nas datas oficiais, a Prefeitura carioca os transferiu para o feriadão de Tiradentes. Só que apenas os desfiles das escolas de samba, no Sambódromo e na Rua Intendente Magalhães, na zona oeste, foram autorizados e tiveram apoio das autoridades. Os blocos não receberam nenhum apoio.

<b>Sem apoio</b>

Representantes dessas agremiações criticaram a falta de apoio e o tratamento que receberam, tido como desigual. O prefeito Eduardo Paes (PSD) chegou a fazer um apelo para que os blocos não desfilassem. Muitas agremiações maiores e mais tradicionais seguiram a orientação. Consideraram que, sem apoio do município, as condições de segurança e conforto estariam comprometidas.

Procurada, a Secretaria municipal de Ordem Pública e da Defesa Civil (Seop) não respondeu às perguntas sobre a quantidade de blocos que desfilaram e sobre eventuais incidentes durante os cortejos. Reforçou, por escrito, o mesmo posicionamento de quinta-feira. Nele, informava que trabalha "em toda a cidade com o objetivo de garantir o ordenamento urbano, a fluidez do trânsito".
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?