O domingo de sol animou os paulistanos, que aproveitaram os blocos de carnaval fora de época no dia mais agitado do festejo que começou na quinta-feira, feriado de Tiradentes, e terminou ontem. Com muito glitter e purpurina, milhares de foliões vestidos a caráter estiveram presentes no Acadêmicos do Baixo Augusta, no Vale do Anhangabaú, e também na Charanga do França, no bairro de Santa Cecília, entre outros grupos que animaram o domingo do paulistano.
No Acadêmicos do Baixo Augusta, que contou com uma grande estrutura feita pela própria organização para receber 20 mil pessoas, o clima entre os foliões era de despedida do feriado prolongado e expectativa para o possível próximo carnaval fora de época que deve ocorrer em julho, desta vez com apoio da Prefeitura. Para acessar o espaço reservado ao bloco no Anhangabaú, os participantes tiveram de retirar previamente os ingressos online, esgotados desde a semana anterior. Também foi exigido comprovante de vacinação contra a covid-19.
<b>Segurança</b>
O Baixo Augusta cercou o Vale do Anhangabaú com grades de ferro e contratou mais de 300 seguranças e 60 bombeiros. Bares e banheiros químicos foram montados no espaço. O esquema agradou os foliões, que disseram se sentir mais seguros. "A festa em abril está mais fraca, mas é o que deu para fazer e pelo menos não tem tanto empurra-empurra", comemorou o analista de marketing Diego Aquino, de 33 anos.
Curtindo seu primeiro carnaval em São Paulo, a pernambucana Daiane Araújo, de 25 anos, também disse se sentir mais protegida no evento e já faz planos para a próxima folia, em julho. "Quanto mais carnaval, melhor. Estamos precisando soltar esse grito que ficou preso na garganta por quase dois anos."
Do lado de fora, centenas de pessoas sem ingresso curtiam a seleção de axés, mesmo sem acesso oficial ao evento. Alguns tentaram pular a grade de isolamento, mas foram bloqueados pelos seguranças.
Rainha de bateria do Baixo Augusta, a atriz Alessandra Negrini usou uma fantasia inspirada no tema Rainha dos Espelhos. "Pensamos em algo que remetesse a um futuro mais iluminado, mais alegre, mais feliz. Além de tudo que passamos com a pandemia, queremos um País melhor", disse.
Madrinha do grupo, a cantora Tulipa Ruiz comandou clássicos do carnaval de rua. "Com o Brasil tão fragilizado e machucado do jeito que está, se encontrar aqui, na rua, com todos vacinados, é voltar para um lugar de cura", disse ao <b>Estadão</b>.
<b>Improviso</b>
Já o Charanga do França usou algumas medidas paliativas para organizar seu desfile sem o apoio da Prefeitura. Foram instalados pela organização dois banheiros químicos em cada extremidade do quarteirão no qual o bloco se concentrou. Por meio das redes sociais, o grupo lançou uma campanha para receber doações, via Pix. De acordo com o último balanço, pouco mais de R$ 8 mil haviam sido arrecadados.
"É um dos blocos mais legais, ficou difícil não vir", diz a arquiteta Giuliana Martini, de 48 anos. Ela foi ao cortejo acompanhada de uma amiga. As duas estrearam no carnaval fora de época ontem e mantiveram o uso da máscara de proteção contra a covid, ainda que ornamentada por lantejoulas. "A máscara é um símbolo de que a pandemia não acabou", afirmou a médica Maria Amélia Veras, de 63 anos, que mora em Pinheiros.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>