O início dos desfiles de blocos nas ruas da Vila Madalena, na zona oeste da capital, dividiu opiniões entre moradores e comerciantes. No último fim de semana, ao menos quatro grupos carnavalescos levaram uma multidão para o bairro, provocando reclamações de uns e recebendo elogios de outros.
Moradora da Rua Fradique Coutinho há três anos, a produtora de eventos Juliana Cainelli, de 35 anos, aprova a iniciativa. “Pulo muito, vou fantasiada. Estou curtindo, porque é carnaval. Se não gostarem, que se mudem”, diz, referindo-se aos vizinhos que estão contrariados com a festa.
Também moradora da rua, a produtora Tricia de Freitas, de 38 anos, discorda. “Para a gente que mora aqui não é legal. A falta de sossego é imensa. Tem muito barulho, pessoas desmaiadas na porta de casa às 15 horas. O bairro não tem estrutura”, reclama.
A autônoma Claudimari Galli, de 67 anos, disse que os foliões não a incomodam, mas que o rastro de lixo deixado por eles é um problema. “Acho que é legal. A brincadeira faz parte, mas deixa muita sujeira.”
Para o comerciante Tom Green, coordenador do grupo Sossego Vila Madalena, a situação já está insustentável. Tanto que a entidade vai na quarta-feira, 4, ao Ministério Público Estadual para apresentar queixas contra barulho, presença de ambulantes e o horário de término da festa.
“Para os moradores, o carnaval não significa alegria. (Os blocos) continuam atraindo essas pessoas que não sabem respeitar o espaço público. Não houve fiscalização do barulho, do trânsito nem dos ambulantes.”
Presidente da Sociedade Amigos da Vila Madalena, Cassio Calazans também está insatisfeito com a nova temporada de desfiles no bairro. “A gente não é contra o carnaval, é contra o excesso de qualquer coisa. Criaram um monstro e é difícil de domar.” O comerciante Fabio Barreto, de 50 anos, diz que concorda com a festa, desde que haja organização. “Eu adoro, mas acho que tem de ter segurança, infraestrutura. Até agora, parece que está organizado.”
A Secretaria Municipal de Cultura, por meio da assessoria, informou que os blocos encerraram as atividades no horário marcado, às 22 horas, com dispersão total à meia-noite e que houve fiscalização do trânsito e monitoramento de ambulantes. Disse ainda que tem assimilado os pedidos de moradores e comerciantes da região.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.