O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou uma palestra proferida nesta sexta-feira em Porto Alegre (RS) para cobrar a devolução de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aos cofres do Tesouro. "O BNDES está devendo uma pedalada para nós, ainda quero despedalar", disse, ao proferir palestra em evento organizado pela Associação da Classe Média (Aclame).
Ele evitou criticar o presidente do banco de fomento, Gustavo Montezano, a quem chamou de "extraordinário", porém observou que a máquina não devolve recursos.
Durante o evento, Guedes repetiu também diversas vezes a avaliação de que o Brasil engatou um ciclo de crescimento – que, segundo ele, deve ser longo – dessincronizado do restante do mundo.
Em meio à campanha do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), pela reeleição, o ministro repetiu ainda a empresários gaúchos que acompanharam o evento no teatro da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) a promessa de finalmente lançar a Carteira Verde Amarela para reduzir os encargos trabalhistas nas contratações.
Repetindo que os encargos trabalhistas são armas de destruição de empregos em massa, Guedes considerou que o governo precisa reduzir os impostos, "muito altos", pagos pelas empresas.
<b>Orçamento</b>
Guedes aproveitou a palestra a apoiadores para rebater os ataques sobre a perda de controle do Orçamento feitos na quinta-feira pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na entrevista ao Jornal Nacional.
Em relação ao orçamento secreto, um dos temas criticados por Lula, Guedes sustentou que a classe política está se deixando ofender por um dispositivo criado pela própria oposição e que representa menos de 1% do Orçamento.
"Ontem, tinha candidato falando de orçamento secreto, quando quem criou o orçamento impositivo e emenda de relator foi a oposição", afirmou o ministro. "Um gastava R$ 220 bilhões fazendo porto em Cuba, nosso caso é de menos de 1% do orçamento", acrescentou Guedes, traçando uma comparação com o governo petista.
<b>Populismo fiscal</b>
Ao projetar o primeiro superávit das contas primárias do Governo Central desde 2013, o ministro da Economia rechaçou críticas de que o governo pratica populismo fiscal.
Reafirmando também a avaliação de que o Brasil cresce enquanto as economias desenvolvidas caminham a uma recessão, Guedes disse que o Produto Interno Bruto (PIB) só não avança mais por conta dos juros altos, dada a inflação elevada e persistente.
"Como têm coragem de falar em populismo fiscal em governo que zera déficit?", questionou Guedes durante palestra promovida pela Aclame. "Este ano, teremos um pequeno superávit do governos central", frisou o ministro.
<b> Rolagem da desgraça </b>
Ao criticar o que chamou de "rolagem da desgraça", em referência às previsões pessimistas de economistas, ele lembrou dos prognósticos de recessão neste ano não confirmados e destacou que, agora, o mercado está revendo as expectativas à inflação de 2022 para baixo.
Com o discurso interrompido diversas vezes por aplausos de apoiadores que compareceram ao teatro da Fiergs para ouvir o ministro, Guedes aproveitou para listar as reformas realizadas pelo governo que permitiram ao País, pela primeira vez em 30 anos, um crescimento baseado em investimentos privados.