Em
meio ao naufrágio dos governos petistas de Lula e Dilma, confirmados
pelas vozes das ruas e, ao mesmo tempo, pelas trapalhadas bancadas pelo
Planalto neste tempo de crise, um dos falsos símbolos do
empreendedorismo e do sucesso financeiro nesses tempos petralhas começa a
ruir. O empresário Eike Batista, que fez crescer sua fortuna graças às
benesses do poder, vê sua milionária conta bancária minguar na mesma
velocidade que subiu aos céus.
Um
dos pilares do sucesso de Eike foi sua proximidade ao ex-presidente
Lula, que lhe deu carta branca para tomar de assalto o BNDES – antes
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -, transformando a
principal instituição de fomento ao crédito e a produção no Banco
Nacional de Desenvolvimento do Eike. Desta forma, ao longo dos 10 anos
de PT, ele levou para suas empresas, o nefasto Grupo X, nada menos do
que R$ 10,4 bilhões de dinheiro público, com juros subsidiados pela
população brasileira.
Não
há como dissociar a queda do império X da má gestão do governo federal,
sobretudo em relação às instituições que – ao longo dos anos – chegaram
a serem consideradas símbolos de eficiência, como a Petrobras e o
próprio BNDES. Para beneficiar Eike Batista, Lula e Dilma não tiveram
pudores em colocar essas empresas a serviço dos interesses privados.
No
entanto, não é possível acreditar que Lula e Dilma foram inocentes
úteis nas mãos de um espertalhão do mundo dos negócios, aquele que
vendia sonhos e só entregou pesadelos a investidores que caíram em sua
lábia. Até fundos de pensão de empresas públicas estão ameaçados por
terem realizado pesados investimentos nas empresas de Eike, já que eram
avalizadas pelo BNDES. Diante da queda do império X, é momento do Brasil
buscar explicações e punir aqueles que se beneficiaram de tanto
dinheiro público.
Nunca
é demais lembrar que, na década de 90, o ex-presidente Fernando Collor,
hoje um fiel escudeiro do mesmo PT que o levou à lona, sofreu o
impeachment quando seus interesses particulares sobrepuseram os
públicos. Mas por trás do chefe da nação, comandando os negócios escusos
também havia um empresário, o Paulo César Farias, o PC que – numa
linguagem folclórica – se tornou uma espécie de midas dos tempos
modernos, já que transformava em ouro tudo que tocava.
Quem
garante que Eike Batista não está para o PT assim como o PC estava para
Collor? Talvez essa seja a chave para desvendar o que existe de podre
no reino da companheirada, até porque – poucos dias atrás – o próprio
presidente do BNDES, Luciano Coutinho, entre outras autoridades do alto
escalão do Planalto, vieram a público defender Eike Batista. E isso não
ocorreu de graça, obviamente. Ainda mais depois que a derrocada do Grupo
X confirmou que eles estavam errados em suas teses de defesa.
O
povo brasileiro não pode arcar com o prejuízo financeiro e moral
causados não só por Eike, mas também por seus interlocutores no Planalto
ao longo desses dez anos. O Congresso tem o dever de buscar a
elucidação de todas as falcatruas que permitiram levar ao céu esse
balão, que vêm caindo sobre nossas cabeças. Mas, por meio de uma
investigação, que pode ser na forma de uma CPI, espera-se que as
cabeças que rolem sejam daqueles que permitiram mais esse escândalo
diante de nossos olhos.
*Carlos
Roberto é deputado federal, presidente da subcomissão de monitoramento
das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com
destaque ao BNDES, e industrial.