O valor médio dos títulos protestados em junho ficou em R$ 3.428, o que representa uma queda de 28,6% se comparado à média de R$ 4.800 apurada no mesmo mês do ano passado. À primeira vista, pode denotar uma boa notícia. Mas, de acordo com o economista-chefe da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), Flávio Calife, diante de um cenário de inflação que encerrou 2015 a 10,67% e que só neste ano acumula alta de 4,05%, a queda do valor médio dos títulos protestados é um sinalizador de deterioração da economia.
Mais grave se mostra o quadro se for tomado por base que, mesmo com a redução do valor médio dos títulos, as empresas não estão conseguindo honrar suas dívidas. Não foi por outra razão que o número total de títulos protestados no país aumentou 26% no acumulado do primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Boa Vista SCPC. Na mesma base de comparação, no acumulado de janeiro a junho do ano passado, a alta havia sido de 24,6% sobre o primeiro semestre de 2014.
Na comparação interanual, que confronta junho deste ano com idêntico mês em 2015, os títulos protestados subiram 49,3% e aumentaram apenas 13,3% em relação a maio deste ano. Para Calife, o resultado de junho indica que os protestos vão continuar crescendo, mas a uma taxa menor, caminhando para chegar, em algum momento, a um ponto de inflexão. Quando, diz ele, é difícil precisar porque antes da chegada deste momento a economia ainda vai desempregar muita gente.
Nesta estatística dos títulos protestados ao longo do primeiro semestre, explica o economista-chefe da Boa Vista SCPC, não estão incluídos os protestos de pessoas físicas. “Damos mais peso para os protestos de pessoas jurídicas porque, no total de protestos, as pessoas físicas respondem por apenas 5%”.