Sejam quais forem os dois candidatos que se habilitem a ir para o segundo turno em Guarulhos neste domingo, uma coisa já é certa. As eleições de 2016 na cidade estão manchadas. O número de pessoas fazendo boca de urna próximos aos locais de votação superou qualquer expectativa plausível, por mais que a prática seja proibida pela Justiça Eleitoral.
Bastou amanhecer o dia para perceber que o pleito estaria maculado. Por toda a cidade, milhares de “santinhos” de candidatos espalhados nas ruas, numa prática suja, de baixo nível, típica de pessoas que buscam o poder a qualquer custo, sem se importar com o que tanta sujeira possa causar. O GuarulhosWeb flagrou uma mulher caindo em frente à UNG, na praça Tereza Cristina, no Centro. Socorrida, foi levada à sua seção de votação numa cadeira de rodas, já que não conseguia mais andar. Uma moto, que vinha devagar, não conseguiu parar e deslizou sobre os papéis atingindo a senhora, que caiu.
A PM prendeu 23 pessoas sob a acusação de compra de votos e boca de urna somente numa escola da Vila Nova Bonsucesso. Mas teve muito mais. Por toda a cidade, era possível ver eleitores serem abordados sem a menor cerimônia. No Cocaia, fiscais de um partido apreenderam nas mãos de um adversário uma lista feita à mão com nomes de votantes e números de seus títulos eleitorais, numa espécie de tabela para saber quem já tinha votado para receber o prêmio prometido.
Nas redes sociais, centenas de relatos de pessoas abordadas pelos bocas de urna. Muitos travestidos de fiscais de partidos que não faziam outra coisa que não fosse pedir votos para seus candidatos.
Para concluir, a Justiça Eleitoral determinou a apreensão do jornal que circula em Guarulhos desde o início da disputa eleitoral). O veículo, desde as primeiras horas da manhã, era distribuído livremente nas portas das escolas e locais de votação, com uma pesquisa que – segundo a decisão – podia configurar distorção do pleito.
Lamentavelmente, as eleições de 2016, que trouxeram como novidade uma série de novidades que visavam restringir o abuso do poder econômico, falharam. As ações, por baixo dos panos como essas vivenciadas no dia da eleição, não são contabilizadas pela Justiça Eleitoral, porque são ilegais. É provável que todo o dinheiro utilizado nessas ações venha de algum caixa 2. E quem pagará por tudo isso quando o novo prefeito assumir não será outro que o próprio eleitor.