O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) tomou hoje medidas numa tentativa de sustentar a economia do Reino Unido, após a recente e inesperada decisão do eleitorado britânico de votar pela retirada do país da União Europeia, alertando que a perspectiva para a estabilidade do sistema financeiro tornou-se “desafiadora”.
O Comitê de Política Financeira (FPC) do BoE anunciou hoje que decidiu reduzir as exigências de capital para bancos britânicos em 5,7 bilhões de libras (US$ 7,6 bilhões), numa iniciativa que deverá permitir às instituições financeiras elevar os empréstimos em 150 bilhões de libras (US$ 199 bilhões) a empresas e famílias. Ao mesmo tempo, o BoE não vai permitir o aumento de pagamentos de dividendos para acionistas de bancos.
A decisão de reduzir o chamado colchão líquido contracíclico, de 0,5% para zero, reverteu uma decisão de aumentá-lo em março. Segundo o BoE, o colchão, que é uma camada extra de liquidez que costuma ser diminuída em momentos de incerteza, ficará zerado até pelo menos junho de 2017.
“Essa ação reforça a visão do FPC de que todos os elementos dos substanciais colchões de capital e de liquidez que foram formados por bancos devem ser retirados, se necessário”, afirmou o comitê, em comunicado que acompanhou seu relatório semestral sobre estabilidade financeira.
O BoE disse “esperar fortemente” que os bancos sustentem a economia por meio da concessão de novos empréstimos após a votação a favor do Brexit, em plebiscito realizado em 23 de junho.
O gesto do BoE marca a primeira medida de relaxamento monetário desde que seu presidente, Mark Carney, sugeriu na semana passada que o BC inglês agiria para impulsionar a economia britânica. Hoje, tanto o BoE quanto o próprio Carney disseram que tomarão as medidas que forem necessárias para garantir a estabilidade financeira.
O BoE também avaliou que um período prolongado de incertezas causadas pelo Brexit poderá enfraquecer as economias da zona do euro e global.
Os comentários de Carney na semana passada também geraram expectativas de que o BoE poderá cortar juros ou ampliar seu programa de compra de ativos nos próximos meses. Fonte: Dow Jones Newswires.