Economia

Bolsa de NY cai com baixa do petróleo, geopolítica e temor sobre economia global

As bolsas dos EUA fecharam em queda nesta quarta-feira, 6, em reação à nova baixa dos preços do petróleo, como reflexo do crescimento das preocupações com a economia da China e com o aumento das tensões geopolíticas provocado pela notícia, não confirmada, de que a Coreia do Norte teria testado uma bomba de hidrogênio. O índice Dow Jones fechou abaixo dos 17 mil pontos pela primeira vez desde outubro e o S&P-500, abaixo de 2 mil pontos pela primeira vez desde meados de outubro.

A queda das ações acelerou à tarde, depois de a ata da reunião do Federal Reserve (Fed,o banco central dos EUA) realizada em dezembro indicar que vários dirigentes do Fed relutaram em elevar as taxas de juro de curto prazo, por causa da incerteza quanto à perspectiva da inflação. Sal Gualtieri, economista sênior da BMO Capital Markets, disse que a ata revela que o Fed “não está entusiasmado em repetir a elevação das taxas de juro do mês passado neste mês, ou possivelmente nem mesmo em março, a não ser que a economia, e possivelmente a inflação, mostrem mais músculos do que têm mostrado recentemente”.

Na China, o índice de atividade dos gerentes de compras (PMI) para o setor de serviços (versão Caixin/Markit) caiu a 50,2 em dezembro, nível mais baixo em 18 meses, de 51,2 em novembro. Além disso, o banco central chinês (PBoC) baixou a taxa de referência do yuan para 6,5314 por dólar, nível mais baixo desde abril de 2011, de 6,5169 por dólar ontem. Isso provocou novas quedas da moeda chinesa no mercado de yuan offshore e isso – como um eco da turbulência causada por uma desvalorização do yuan ocorrida em agosto do ano passado – afetou também as moedas dos países emergentes e produtores de commodities.

Com maior aversão dos investidores ao risco, o iene subiu diante das principais moedas e o dólar recuou diante das moedas europeias, mas subiu frente às dos países emergentes; também cresceu a demanda por títulos do Tesouro dos EUA e os preços subiram, com correspondente baixa nos juros; o preço do ouro também voltou a subir. Na Chicago Board Options Exchange (CBOT), o índice de volatilidade VIX chegou ao fim do dia em 20,59, com alta de 6,46%, depois de ter alcançado a máxima intraday de 21,86 pela manhã.

“A desaceleração da economia da China e seus efeitos mais amplos sobre os mercados emergentes serão um tema muito importante para os mercados globais de ações neste ano”, comentou o estrategista David Lafferty, da Natixis Global Asset Management. Para Michael Fredericks, gestor do BlackRock Multi-Asset Income Fund, “agora provavelmente há mais apreensão sobre a perspectiva das ações em 2016 do que havia no passado”, em parte por causa dos altos preços alcançados pelas ações depois de vários anos de altas e em parte por causa de preocupações com a economia global. “Juntando outras coisas a esses ventos contrários, seja a incerteza quanto aos movimentos da moeda chinesa, sejam os conflitos no Oriente Médio, é mais uma questão a provocar ira entre os investidores”, acrescentou.

Os preços do petróleo ensaiaram uma recuperação no mercado asiático, durante a madrugada, depois de o American Petroleum Institute (API) divulgar a estimativa de que os estoques de petróleo bruto dos EUA tiveram uma redução de 5,6 milhões de barris na semana passada, quando os analistas previam um crescimento de 300 mil barris. Mas os preços passaram a cair com a notícia de um suposto teste nuclear norte-coreano; outro fator para a reversão foi o índice PMI de serviços da China.

A queda dos preços do petróleo persistiu depois da divulgação dos dados oficiais do Departamento de Energia dos EUA (DoE), que mostraram uma redução de 5,085 milhões de barris nos estoques de petróleo bruto, mas um crescimento de 917 mil barris nos estoques em Cushing (Oklahoma), que já estão próximos de seu limite operacional, e um aumento dos estoques totais (que incluem petróleo bruto e derivados, mas não as reservas estratégicas) para o nível recorde de 1,3126 bilhão de barris.

A Automatic Data Processing (ADP) informou que foram criados 257 mil postos de trabalho no setor privado em dezembro, mais do que os 195 mil previstos pelos economistas; o ganho de novembro foi revisado para 211 mil, de 217 mil. Os EUA tiveram um déficit comercial de US$ 42,37 bilhões em novembro, abaixo da previsão de US$ 44,0 bilhões; o déficit de outubro foi revisado para US$ 44,58 bilhões, de US$ 43,89 bilhões. As exportações norte-americanas de bens e serviços ficaram em US$ 182,2 bilhões em novembro, de US$ 183,8 bilhões em outubro, e as importações caíram a US$ 224,6 bilhões em novembro, de US$ 228,4 bilhões em outubro.

Dois índices PMI referentes ao setor de serviços foram divulgados nos EUA: o do Instituto para Gestão de Oferta (ISM) recuou para 55,3 em dezembro, de 55,9 em novembro; economistas previam que ele subisse para 56,3. O da Markit ficou em 54,3 em dezembro, de 56,1 em novembro, mas superou a previsão de 53,0.

Todos os dez componentes setoriais do índice S&P-500 fecharam em queda; os destaques negativos foram os setores de energia (-3,62%), materiais (-2,61%) e telecomunicações (-1,73%). Das 30 componentes do Dow Jones, a única ação a fechar em alta foi Walmart (+1,00%); as maiores quedas foram Chevron (-3,95%), United Technologies (-2,72%), American Express (-2,78%) e Goldman Sachs (-2,44%). As ações da Apple, que haviam caído 2,51% ontem, em reação a informes de redução na produção se deus smartphones por causa de estoques excessivos, perderam mais 1,96%.

O índice Dow Jones fechou em queda de 252,15 pontos (1,47%), em 16.906,51 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 55,66 pontos (1,14%), em 4.835,77 pontos. O S&P-500 fechou em queda de 26,45 pontos (1,31%), em 1.990,26 pontos. Fonte: Dow Jones Newswires

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