Economia

Bolsa de NY fecha em queda forte e espera derretimento do mercado chinês

As bolsas dos EUA fecharam em queda forte nesta quinta-feira, 7, acompanhando as baixas de outros mercados globais de ações, depois de o banco central da China baixar a cotação de referência do yuan frente ao dólar pelo oitavo dia consecutivo e de a bolsa de Xangai cair 7,04%, com o recém-criado circuit-breaker suspendendo os negócios pela segunda vez nesta semana. A queda se acentuou na última hora da sessão, quando os principais índices atingiram as mínimas, devido à expectativa de derretimento do mercado de ações da China nesta sexta-feira.

“Vamos apertar os cintos. Minha expectativa é de que amanhã será um dia de muita volatilidade nos mercados chineses, à medida que os investidores de varejo tentam sair e as entidades governamentais tentam comprar”, disse Mohamed, el-Erian, conselheiro econômico da Allianz, em entrevista à TV Bloomberg. Bill Gross, gestor de fundos da Janus Capital, disse que “com base no comportamento dos ETFs fundos negociados em bolsa, a expectativa é de que o mercado chinês caia 5% ou 6%”.

O Banco do Povo da China (PBoC) fixou a cotação de referência do yuan em 6,5646 por dólar, de 6,5314 por dólar na quarta-feira; a desvalorização, de 0,5%, é a maior desde agosto. No mercado offshore, o yuan chegou a cair a 6,6067 por dólar, antes de recuperar algum terreno (no que alguns traders viram uma intervenção do PBoC, vendendo dólares). A bolsa de Xangai caiu 7% nos primeiros minutos da sessão e o circuit-breaker suspendeu os negócios pelo resto do dia (depois disso, a Comissão Reguladora de Títulos da China suspendeu o mecanismo de circuit-breaker por tempo indeterminado).

“A queda das ações foi causada principalmente pela expectativa de que o yuan vá depreciar ainda mais, o que levanta mais preocupações sobre as condições econômicas do país”, disse Qian Qimin, analista sênior da Shenyin Wanguo Securities. Essa preocupação dos investidores tornou-se mais evidente com sinais de que pode estar acontecendo uma fuga de capitais: o PBoC informou que as reservas internacionais da China somavam US$ 3,33 trilhões no fim de dezembro, com queda de US$ 107,9 bilhões em relação a novembro – a maior de todos os tempos. No ano de 2015, as reservas chinesas acumularam uma queda de US$ 512,7 bilhões.

“Cresce a preocupação de que as autoridades chinesas estejam perdendo seu controle sobre os mercados e sobre a confiança de uma maneira geral”, escreveram em nota os analistas do Rabobank. Para Jack Ablin, do BMO Private Bank, “o mercado de ações ainda está caro e vulnerável a choques externos. Estamos no meio de uma correção, mas não é o fim do mundo”.

Analistas disseram que a divulgação dos dados oficiais do nível de emprego nos EUA em dezembro, na manhã desta sexta, será um bom teste para o mercado; a expectativa dos economistas é de que tenham sido criados 210 mil postos de trabalho e de que a taxa de desemprego tenha recuado para 4,9%, de 5,0% em novembro.

Dois indicadores de emprego saíram hoje nos EUA: o número de novos pedidos de auxílio-desemprego feitos na semana passada ficou em 277 mil, com queda de 10 mil em relação à semana anterior; economistas previam 275 mil. A Challenger, Gray & Christmas informou que as grandes empresas norte-americanas anunciaram 23.622 demissões em dezembro, com queda de 24% em relação a novembro e queda de 28% em comparação com dezembro do ano passado. Mesmo assim, o número de cortes anunciados em 2015 alcançou 598.510, com crescimento de 24% em relação aos 483.171 de 2014.

Todos os dez componentes setoriais do S&P-500 fecharam em queda, com destaque para os setores de tecnologia (-3,14%), financeiro (-2,82%), industrial (-2,74%) e de energia (-2,37%). Das 30 componentes do Dow Jones, a única ação a subir foi Walmart (+2,33%). Entre os destaques negativos estavam General Electric (-4,23%), Apple (-4,22%), Boeing (-4,19%), JPMorgan Chase (-4,04%) e Intel (-3,75%).

Na Chicago Board Options Exchange (CBOE), o índice de volatilidade VIX subiu 21,37%, para 24,99, depois de ter alcançado a máxima de 25,86.

O Dow Jones acumula uma queda de 911 pontos, ou 5,23%, desde o início do ano. É o pior desempenho do índice nas quatro primeiras sessões do ano em todos os tempos (o índice foi criado em 1897). O Nasdaq acumula queda de 6,35% e o S&P-500, uma perda de 4,93%. Tanto o Dow como o Nasdaq estão “em correção”, com perdas maiores do que 10% em relação às máximas mais recentes.

O Dow fechou em queda de 392,41 pontos (2,32%), em 16.514,10 pontos, com mínima em 16.463,63 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 146,34 pontos (3,03%), em 4.689,43 pontos, com mínima em 4.688,17 pontos. O S&P-500 fechou em queda de 47,17 pontos (2,37%), em 1.943,09 pontos, com mínima em 1.938,83 pontos. Fonte: Dow Jones Newswires

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