Bolsa fecha em alta de 2,90%, a 87.946,25 pontos, na máxima do dia

Em novo dia de alta em Nova York, o Ibovespa retornou a terreno positivo após as leves perdas de terça-feira, 26, passando a acumular ganho de 7,03% na semana e de 9,24% em maio, a caminho de emendar o segundo mês de retomada, ainda que gradual. Nesta quarta-feira, 27, o principal índice da B3 encerrou na máxima do dia, em alta de 2,90%, aos 87.946,25 pontos, tendo oscilado na mínima a 85.467,50 pontos, com giro financeiro a R$ 26,0 bilhões na sessão. Assim, manteve o maior nível de fechamento desde 10 de março (92.214,47) e o maior nível intraday desde a sessão seguinte, do dia 11 (92.202,15 pontos).

Nesta quarta-feira, os ganhos foram mais uma vez bem distribuídos pelos diversos segmentos, entre os quais os de maior peso, como bancos e commodities, bem como os de siderurgia e serviços de infraestrutura (utilities). Apenas cinco ações do Ibovespa fecharam o dia em baixa, ainda assim leve, com destaque para Totvs (-1,69%) e B2W (-1,47%), a qual havia sido a maior vencedora de ontem.

Na ponta positiva de hoje, Usiminas subiu 16,33%, seguida por CVC (+12,96%). Entre as blue chips, destaque para Vale ON que subiu hoje 2,93%, mais do que revertendo a perda do dia anterior. Petrobras ON e PN, que caíam mais cedo em dia negativo para as cotações do petróleo, fecharam em alta de 0,49% e 1,32%, respectivamente. Entre os bancos, que vieram de dia negativo ontem, destaque para Itaú Unibanco, em alta de 3,13% no fechamento desta quarta-feira.

No ano, o Ibovespa cede agora 23,95%, em recuperação desde abril, mas ainda contido por diversos fatores que o singularizam mesmo entre os emergentes, como o risco político, a incerteza sobre a futura situação fiscal, a falta de resposta unificada à pandemia e a perspectiva de lenta retomada da economia, o que tem elevado as estimativas de contração do PIB em 2020.

Assim, as compras de ações continuam a ser sustentadas pelo investidor doméstico, sem muitas opções de rentabilidade em meio ao ciclo de corte da Selic, que seguirá em curso ante a fraca inflação e o reduzido nível de atividade econômica. Em maio, o saldo de recursos estrangeiros na B3 permaneceu negativo, afastados os investidores de fora pelo grau de incerteza que paira sobre a economia e a política brasileiras.

Agora, com a reabertura das economias nos EUA e especialmente na Europa e Ásia, em estágio mais avançado, dá alento ao apetite por risco, na medida em que os temores quanto a uma segunda onda do novo coronavírus parecem estar refluindo.

"Foram tantas notícias ruins este ano que o investidor tem se agarrado ao que tem chegado de positivo. A reabertura das economias, em meio a estímulos trilionários não apenas nos EUA mas também na zona do euro e no Japão, contribui para o apetite por ações, aqui ainda muito descontadas", observa Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. "No meio disso, as dificuldades políticas acabam em segundo plano, e os sinais são de que o governo vai conseguir uma blindagem no Congresso, ao se aproximar do Centrão, o que reduz quase a zero a chance de impeachment e, à frente, pode favorecer a retomada das reformas", acrescenta o estrategista.

Superado o temor em torno do vídeo da reunião de 22 de abril, na avaliação do mercado sem novidades contundentes contra o presidente Jair Bolsonaro, as operações da Polícia Federal nesta semana contra o governador do Rio, Wilson Witzel, em investigação sobre fraudes na Saúde, e sobre as Fake News junto a deputados e empresários do entorno presidencial não chegaram a causar alvoroço entre os investidores.

Refletindo a melhora da percepção de risco, desde o dia 18 de maio o Ibovespa tem conseguido se manter nos fechamentos acima dos 80 mil pontos, e desde então foi deixando para trás esta linha de resistência significativa, com a qual vinha lutando desde abril. No dia 15 de maio, sexta-feira em que o então ministro da Saúde, Nelson Teich, deixou o governo, o Ibovespa fechou aos 77.556,62 pontos. Com a firme recuperação do índice na segunda quinzena de maio, a linha de 90 mil pontos passa a ser o alvo gráfico, apontam analistas técnicos.

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