Nesta terça-feira, 16, o Ibovespa interrompeu sequência de quatro perdas ao encerrar a sessão desta terça-feira em alta de 1,25%, aos 93.531,17 pontos, alinhando-se ao exterior, onde prevaleceu reação otimista a uma nova rodada de estímulos fiscais e monetários sinalizada por EUA e Japão, em momento no qual passos atrás nos processos de reabertura das economias preocupam os investidores. Na capital chinesa, Pequim, as escolas voltaram a ser fechadas após o ressurgimento de casos de Covid-19 a partir de um atacado de alimentos, o que fez o governo elevar o grau de alerta.
A possibilidade de uma segunda onda global da doença permanece como o principal fator de risco, mas a disponibilidade de liquidez, em um ambiente de juros a zero ou perto disso no mundo, mantém fluxo de recursos direcionado a ativos de risco, como ações e commodities, apesar das incertezas quanto ao grau e o ritmo de recuperação das economias. As apostas sobre a retomada têm oscilado entre as formas de V e W ao sabor do noticiário sobre a doença, ora animado pela expectativa de desenvolvimento de uma vacina eficiente, antes do que se previa, ora debilitado pela resiliência do vírus, visível nas tentativas de normalização dos contatos sociais.
"O dia na B3 começou com um pouco mais de força, acompanhando o exterior, em busca de recuperação ante os temores sobre uma segunda onda de Covid – o que ainda pode pesar mais na Bolsa se tomar proporções maiores", diz Pedro Galdi, analista da Mirae. "Esse é um risco muito importante que deve ser monitorado. Se voltarmos para a estaca zero de confinamento, as perspectivas para a economia vão se deteriorar ainda mais", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear.
"Qualquer notícia sobre vacina – em meio a esforços de tantos países, a expectativa é de que algo surja entre setembro e novembro – contribui para a Bolsa subir. De outro lado, há a possibilidade de uma recuperação mais lenta, em W, caso ocorra a segunda onda de coronavírus", acrescenta Galdi, da Mirae. "Hoje, o plano de US$ 1 trilhão para infraestrutura anunciado por Trump nos EUA e as iniciativas de estímulo à liquidez no Japão acabaram sendo decisivos", conclui.
No Brasil, a queda de 16,8% nas vendas do varejo em abril ante março, a maior da série histórica que retrocede a 2000, reforça a expectativa de que o comitê de política monetária (Copom) do Banco Central entregará novo corte, de 0,75 ponto porcentual, na Selic ao final da reunião desta quarta-feira, em dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa. Com os juros reais pressionados em direção a zero também no País, o investidor terá que mostrar inclinação a risco para buscar rentabilidade, apontam analistas de mercado.
Com a recuperação observada hoje, o Ibovespa se reaproxima do nível de fechamento do dia 4 de junho, quando chegou aos 93.828,61 pontos – a melhor marca desde o último dia 6 de março (97.996,77) continua a ser a de 8 de junho, quando o índice encerrou aos 97.644,67 pontos. Nesta terça-feira, oscilou entre mínima de 92.386,66 e máxima de 95.215,56 pontos, com giro financeiro a R$ 30,3 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 7,01%, permanecendo assim no início da segunda quinzena de junho a caminho do terceiro ganho mensal consecutivo. No ano, cede 19,12% e, nas duas primeiras sessões da semana, acumula ganho de 0,79%.
Em dia no qual os contratos do Brent para agosto fecharam em alta de 3,12%, aos US$ 40,96 por barril, as ações da Petrobras, após desempenho bem moderado no dia anterior, avançaram hoje 3,24% (PN) e 4,13% (ON). Desempenho positivo também para Vale ON, em alta de 2,80%, com bons ganhos observados no segmento de bancos (Bradesco PN +4,16%) e siderúrgicas (Gerdau PN +9,23%, no topo do Ibovespa). Destaque ainda para Gerdau Metalúrgica (+7,32%), CSN (+6,50%) e Minerva (+6,34%), também entre as campeãs do Ibovespa na sessão. Na ponta oposta, Cogna cedeu 3,76% e CVC, 3,33%.