Bolsa sobe 0,59% e fecha no maior nível desde 19 de fevereiro

O Ibovespa retomou nesta quinta-feira nível de fechamento a 118 mil pontos pela primeira vez desde 19 de fevereiro, quando emergia o desejo de ingerência do presidente Jair Bolsonaro na política de preços da Petrobras, que resultaria na sessão seguinte, dia 22, em correção de 4,87% para o índice, após a confirmação de que Roberto Castello Branco não seria mantido no comando da estatal. Desde então, o Ibovespa passou por ajuste que o colocaria aos 110 mil na virada de fevereiro para março, antes de iniciar recuperação gradual que o devolveria aos 116 mil pontos no dia 17 do mês passado, seguida por hesitações motivadas por fatores externos e internos – avanço dos yields nos EUA, situação fiscal incerta e Orçamento duvidoso no Brasil – que poriam freio à retomada.

Nesta quinta, o índice da B3 fechou em alta de 0,59%, a 118.313,23 pontos, mais perto da máxima (118.849,75) do que da mínima (117.486,01) da sessão, com abertura aos 117.623,75 pontos. Na semana, avança 2,65%, com ganhos neste começo de mês a 1,44% – no ano, as perdas se limitam agora a 0,59%.

O giro foi de R$ 33,5 bilhões nesta quinta-feira, que teve entre seus destaques ações de setores com exposição à economia doméstica, como varejo eletrônico (Magalu +8,28%), educação (Yduqs +6,46%) e transporte (Gol +4,07%), em meio à expectativa de que o pior da segunda onda da pandemia no País esteja começando a ficar para trás.

O quadro externo favorável, com Nasdaq acumulando ganho de 4,40% e o S&P 500, de 3,13%, neste começo de mês, também contribui para melhorar o apetite por risco, em contexto no qual o Federal Reserve permanece comprometido com os estímulos monetários e o governo americano, com os fiscais, apesar do avanço da vacinação e da recuperação do nível de atividade na maior economia do mundo.

"A semana foi positiva, com o governo arrecadando mais de R$ 3 bilhões com concessões em infraestrutura e, lá fora, os estímulos trilionários de Joe Biden. Além disso, há um desdobramento importante sobre a pandemia aqui, com o número de internações e o nível de uso de UTIs começando a declinar no Estado de São Paulo", diz Leonardo Milane, economista e sócio da VLG Investimentos, chamando atenção para anúncio que deve ser feito pelo governador João Doria nos próximos dias, sobre o lockdown, programado até o dia 11 de abril, domingo. "Eventual flexibilização, ainda que gradual, tende a contribuir para os setores associados à mobilidade, muito atrasados no ano, como o de varejo", acrescenta.

Para Milane, o Ibovespa tem mostrado recuperação consistente, que poderia ser maior se os bancos, segmento de maior peso no índice, viessem na mesma direção. "Diferente de ocasiões no passado, em que o setor se beneficiava com perspectiva de alta para a Selic, desta vez isso não está ocorrendo porque o mercado avalia que, mesmo com taxa de juros mais alta, não se vai conseguir recuperar o nível de spread que se tinha antes, quando os juros básicos eram bem mais elevados. Há também a questão estrutural, de um cenário de competição diferente, com a tecnologia, o open banking e as fintechs", observa.

Nesta quinta-feira, o setor financeiro voltou a estar entre os perdedores do dia (BB ON -0,85%, Itaú PN -0,78%), em sessão ruim também para Petrobras (PN -1,25%, ON -1,68%), com estoques de gasolina acima do esperado nos Estados Unidos, combinação que impediu o Ibovespa de buscar voo mais alto. Destaque positivo, mais uma vez, para o setor de siderurgia, especialmente para ganho de 3,74% em Usiminas e de 3,03% em CSN. Após escalada recente, Vale ON fechou praticamente estável (-0,06%), a R$ 104,50. Na ponta do Ibovespa, Embraer (+8,80%), à frente de Magazine Luiza (+8,28%) e Yduqs (+6,46%). No lado oposto, Multiplan (-2,54%), Hapvida (-2,23%) e Petrobras ON (-1,68%).

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