A trégua nos mercados da Europa na sexta-feira (23) durou pouco, com o movimento de aversão a risco dando o tom nas bolsas no início da semana, alinhadas com os futuros em Nova York, também em "modo ladeira abaixo". O pessimismo voltou diante da crescente preocupação com o aumento de casos de covid-19 no Velho Continente, e também nos Estados Unidos, fora o impasse fiscal por lá, com os investidores menos confiantes, a cada dia, de que um novo pacote saia antes das eleições, na semana que vem.
Às 6h55, o Stoxx-600, que representa 90% das ações europeias, apresentava recuo de 0,62%, para 360,24 pontos. Depois de renovar o patamar de baixa do último mês, o índice pan-europeu desacelerou o movimento de queda.
"Uma combinação da estabilidade nas taxas de mortalidade da covid-19, a preocupação com lockdowns nacionais e a expectativa de mais suporte governamental está mantendo os mercados um piso abaixo", diz o chefe de pesquisa do London Capital Group (LCG), Jasper Lawler.
O ressurgimento de casos da covid-19 na Europa continua no topo das tensões dos investidores – e também da Organização Mundial da Saúde (OMS). A Espanha declarou um segundo estado de emergência nacional neste domingo, impondo um toque de recolher em todo o país. Já na França, com mais de um milhão de infectados, prefeitos do Sudeste pediram às autoridades a construção de um hospital de campanha. A Itália também impôs novas medidas para conter o vírus.
A situação da pandemia nos Estados Unidos eleva o cordão de preocupações, que até então pesava mais em relação à indefinição de um novo pacote fiscal para combater os estragos na economia. São dois dias consecutivos de cerca de 80.000 novos casos enquanto o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, afirmou que não será possível "controlar a pandemia". "Vamos controlar o fato de que conseguiremos vacinas e tratamentos", disse.
Ao longo desta manhã, os mercados na Europa diminuíram o ritmo de queda em meio à notícia de que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a AstraZeneca gera uma resposta imune similar em adultos mais velhos e também naqueles mais novos, conforme um porta-voz da farmacêutica. Segundo relatou a <i>Reuters</i>, as reações adversas foram menores entre os idosos.
No front corporativo, as ações da alemã SAP puxam o segmento de tecnologia para baixo. A companhia cortou suas projeções de receitas futuras, alegando que a pandemia continuará pesando sob seus negócios, e viu suas ações despencarem mais de 18%.
Quanto à agenda da semana, no radar dos investidores está a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira (29). Com o aumento de casos de covid-19 e o anúncio de medidas mais fortes para contê-lo, a pressão sobre o BCE para "fazer mais – e mais cedo" aumentou, na visão do holandês Rabobank.
O temor com a propagação da doença no Velho Continente cresce, com os investidores já temendo a chegada do inverno no Hemisfério Norte, que tem início em dezembro. A Europa saiu do horário de verão neste domingo, atrasando seus relógios em uma hora. A partir desta segunda-feira, as bolsas europeias passam a operar das 5 horas às 13h30 (de Brasília).
Também às 6h55, em Frankfurt, o DAX liderava o movimento de perdas, com queda de 2,19%. Além do tombo das ações da SAP, o índice de confiança do setor corporativo na Alemanha caiu mais que o esperado, de 93,2 pontos em setembro para 92,7 pontos em outubro. Em Londres, o índice FTSE-100, tinha queda de 0,21%, enquanto em Paris, o CAC-40 recuava 0,57%, e o FTSE-MIB, de Milão, tinha declínio de 0,88%. Em Madri, o IBEX-35 apontava queda de 0,25% e o PSI-20, de Lisboa, baixava 0,92%.