Estadão

Bolsas da Europa fecham em alta, com mercado avaliando sinais do BCE

Os mercados acionários da Europa fecharam com ganhos nesta quinta-feira, 14, com investidores avaliando as declarações do Banco Central Europeu (BCE), em dia de decisão de política monetária. O BCE renovou o alerta com a inflação e previu o fim de seu programa de compra de bônus adiante, mas alguns aspectos da comunicação foram considerados por parte dos analistas como de uma política mais relaxada, o que ajudou as bolsas a ganhar fôlego no dia.

Além disso, os desdobramentos da guerra na Ucrânia e declarações da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, estiveram no radar, com o FMI adiantando que haverá cortes nas projeções de crescimento global para este ano e o próximo.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,62%, em 459,82 pontos.

Nas primeiras horas do pregão, os índices oscilavam perto da estabilidade, à espera da decisão de juros. O BCE manteve os juros, como esperado, e disse que pretende concluir seu programa de compra de ativos no terceiro trimestre. Durante entrevista coletiva, a presidente do banco central, Christine Lagarde, disse que o cronograma exato para o fim do programa de compra de ativos será decidido em junho. Além disso, destacou o aumento recente na inflação, com o choque nos preços de energia, e informou que a alta de juros pode vir em "semanas ou meses" após o fim das compras de ativos.

Para o Rabobank, o BCE reforçou sua diretriz ao dizer que pretende encerrar as compras líquidas de bônus na reunião de junho. "Ele, porém, não chegou a qualquer compromisso", considerou. O banco holandês avalia que os dirigentes demonstraram uma visão equilibrada sobre o balanço dos riscos para o crescimento e a inflação, o que "pesa sobre a percepção do mercado de que o BCE agirá de modo decisivo contra a inflação".

O NateWest, por sua vez, viu uma postura "em geral equilibrada" de Lagarde hoje, ressaltando o quadro na inflação, mas também os riscos de baixa ao crescimento. Esse banco considera que "a falta de compromisso com uma data" para o fim do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) deve gerar alguma reprecificação para os juros para julho (e depois, avaliamos)".

Vários analistas argumentaram que o BCE terá de apertar a política adiante, com o quadro na inflação. A Capital Economics, por exemplo, previu três altas de juros de 25 pontos-base cada no segundo semestre. O TD Securities projetou um total de 50 pontos-base de elevação no segundo semestre e outros 100 pontos-base ao longo de 2023. Já o Commerzbank viu a postura do BCE como "arriscada" e disse que ela pode acabar por elevar mais a inflação e as expectativas para os preços.

Também na agenda do dia, a diretora-gerente do FMI destacou que há "crises sobrepostas" no quadro atual, com a pandemia e a guerra na Ucrânia. Kristalina Georgieva adiantou que o fundo cortará suas projeções para o crescimento global neste ano e no próximo, nesse contexto, citando também o "risco crescente" de fragmentação da economia global e outras questões, como a persistência da pandemia e os lockdowns na China para conter surtos do vírus.

Ainda no noticiário, a ação da Ericsson recuou 5,03% em Estocolmo, após a empresa informar em comunicado que pode ser multada nos EUA pelo modo como lidou com um escândalo de corrupção no Iraque e após reportar queda em seu lucro líquido no primeiro trimestre, na comparação anual.

Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou em alta de 0,47%, em 7.616,38 pontos.

Em Frankfurt, o índice DAX avançou 0,62%, a 14.163,85 pontos.

O índice CAC 40, da Bolsa de Paris, subiu 0,72%, para 6.589,35 pontos.

Em Milão, o índice FTSE MIB subiu 0,57%, para 24.862,35 pontos.

Na Bolsa de Madri, o índice IBEX 35 registrou ganho de 0,94%, a 8.699,00 pontos.

Em Lisboa, por fim, o PSI 20 subiu 0,85%, para 6.133,52 pontos.

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