Estadão

Bolsas da Europa fecham em queda, com riscos na China e perspectiva de juros restritivos

As bolsas da Europa fecharam em queda nesta segunda-feira, 25, após novos estresses no setor imobiliário da China injetarem cautela nos mercados globais, ampliada ainda pela escalada global de rendimentos de títulos soberanos e do dólar no exterior. Investidores europeus também acompanharam novo dado apontando enfraquecimento da economia da Alemanha e falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), incluindo a presidente Christine Lagarde, reforçando a necessidade de juros restritivos por mais tempo.

As preocupações sobre a fragilidade da economia da China e juros globais elevados por mais tempo ditaram o clima negativo nas bolsas da Europa desde a abertura.

Chefe de Dinheiro e Mercados da Hargreaves Lansdown, Susannah Streeter avalia que este cenário pesou especialmente sobre empresas ligadas a commodities, firmando a Bolsa de Londres no vermelho. No fechamento, o FTSE 100 caía 0,78%, a 7.623,99 pontos, em Londres.

Os temores sobre a China ressurgiram neste final de semana, em face de novos problemas no setor imobiliário. No domingo, a Evergrande comunicou que está impossibilitada de emitir novos títulos, devido a uma investigação da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários chinesa sobre sua subsidiária Hengda Real Estate. Ainda, a China Oceanwide Holdings, outra incorporadora tida como sistemicamente importante, anunciou suspensão das suas negociações na Bolsa de Hong Kong, após tribunal judicial das Bahamas determinar a liquidação das suas operações.

Já a alta nos rendimentos dos títulos públicos teve como base a expectativa de juros restritivos em algumas das principais economias do globo. Em especial, o rendimento do Bund alemão de 10 anos alcançou nível mais alto desde julho de 2011, na máxima intraday a 2,783%, segundo a <i>CNBC</i>, apoiado também pela fraqueza no índice de sentimento das empresas da Alemanha, medido pelo instituto Ifo, que caiu a 85,7 em setembro.

Além disso, dirigentes do BCE reforçaram nesta segunda-feira que os próprios juros da zona do euro devem permanecer restritivos por tempo prolongado. Em testemunho ao Parlamento Europeu, Lagarde afirmou que os dirigentes nunca discutiram redução dos juros e que estes devem seguir elevados pelo tempo necessário até a inflação atingir a meta. Neste sentido, o dirigente Pablo Hernández de Cos defendeu que manter os juros em nível restritivo é essencial para evitar um aperto excessivo ou insuficiente da política monetária, ambos com possíveis reações negativas para a economia europeia.

Ainda nos destaques desta sessão, a ação da Air France-KLM caía 3,65% em Paris, em meio a notícias de que a empresa pediu cerca de 50 aviões do modelo A350s, produzido pela Airbus (-0,74%), segundo reportagem do <i>La Tribune</i>. No fechamento, o CAC40 recuava 0,85%, a 7.123,88 pontos.

Entre outros índices, o DAX fechou em queda de 0,98%, a 15.405,49 pontos, em Frankfurt; o FTSE MIB caía 0,68%, a 28.382,19 pontos, em Milão; o IBEX 35 baixava 1,22%, a 9.386,00 pontos, em Madri; e o PSI 20 recuava 0,79%, a 6.119,62 pontos, em Lisboa.

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