As bolsas da Europa operam em forte baixa na manhã desta quarta-feira, com os investidores temendo os possíveis estragos de uma segunda onda pandêmica nas economias com o aumento de casos exigindo medidas mais duras para contê-la. A proximidade das eleições americanas, em 3 de novembro, também acentua o nervosismo dos mercados, que já vinha sendo nutrido pela delonga nas negociações para a aprovação de um novo pacote fiscal nos Estados Unidos.
No terceiro pregão de baixa, as ações europeias acompanham os futuros de Nova York, também em queda enquanto na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única. Às 7h05 (de Brasília), o índice Stoxx-600 caía 1,74%, a 346,46 pontos – embora tivesse desacelerado o ritmo de queda desde a abertura. Ainda assim, as ações europeias renovam o patamar de baixa, atingido no fim de maio, ainda na eminência da turbulência gerada pela pandemia.
"O sentimento nos mercados acionários europeus continua repleto de dificuldades. Nem os dados econômicos favoráveis dos EUA nem a temporada de balanços das empresas foram capazes de interromper a estratégia de porto seguro atual", dizem analistas do alemão Commerzbank, em comentário a clientes.
O aumento do número de novas infecções na Europa e nos Estados Unidos tem levado à adoção de medidas mais duras para conter a segunda onda da pandemia – e perturbado os investidores. Enquanto a França pode estar caminhando para um "lockdown" – ainda que mais flexível – para conter o surto, segundo analistas, a Alemanha se prepara para um bloqueio "light". Nos EUA, a média diária de novos casos chegou a 70.289.
A tensão com a covid-19 eleva a expectativa em torno do Banco Central Europeu (BCE), que anuncia amanhã sua decisão de política monetária – e o mercado espera que alguma iniciativa de estímulo econômico venha a reboque. Antes dele, atenção para o anúncio dos bancos centrais no Brasil e no Canadá, nas próximas horas. O holandês Rabobank lembra, em comentário a clientes, que nenhuma mudança é esperada para ambos. No Brasil, a taxa básica de juros da economia, a Selic, deve seguir inalterada em 2% ao ano, e no Canadá, em 0,25%.
Se o vai e vem fiscal nos EUA já preocupava investidores, o aumento de casos da covid-19 somado à aproximação da corrida presidencial por lá só fazem piorar. Por volta de 70 milhões de americanos já votaram antecipadamente, mais da metade dos eleitores que foram às urnas em 2016, segundo dados do U.S. Election Project.
Com a covid-19 roubando o centro das atenções dos mercados no Velho Continente, o mundo corporativo fica em segundo plano a despeito da temporada de balanços. Há pouco, as ações do banco alemão Deutsche Bank subiam mais de 1,5% após anunciar resultados acima do esperado. Já na França, destaque para as vendas do Carrefour, com recorde de crescimento no Brasil, e ainda menores receitas da montadora Peugeot.
Diante de um noticiário carregado, a ausência de novidades em torno do Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia, deixa o imbróglio de lado. As negociações entre britânicos e europeus foram retomadas na semana passada, mas, ao menos até aqui, nenhum avanço foi dado. Ontem, o presidente do Conselho de Supervisão Bancária do Banco Central Europeu (BCE), Andrea Enria, disse que os bancos estão prontos para o Brexit, com ou sem acordo.
Também às 7h05 (de Brasília), o índice FTSE-100, de Londres, recuava 1,39%, e em Frankfurt, o DAX baixava 2,73%. Na bolsa de Paris, o CAC-40 tinha declínio de 2,48%, o FTSE-MIB, de Milão, queda de 2,54% e o IBEX-35, de Madri, de 1,54%. Em Lisboa, o PSI-20 tinha desvalorização de 0,91%