Bolsas de NY caem com aversão a risco por covid e movimentos especulativos

Os índices acionários das bolsas de Nova York fecharam em queda expressiva nesta sexta-feira, 29, sob impacto do avanço especulativo de investidores de varejo no mercado. Contribuindo para o sentimento de aversão ao risco, os gastos com consumo nos Estados Unidos entre novembro e dezembro, alimentando dúvidas quanto ao ritmo de recuperação da economia no pós-pandemia. Novas restrições impostas por governos ao redor do mundo na tentativa de conter a disseminação da covid-19 e atrasos na distribuição de vacinas também pesaram nos negócios.

O índice Dow Jones fechou em queda de 2,03%, a 13.070,69 pontos, o S&P 500 recuou 1,93%, para 3.174,21 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 2,00%, a 13.070,69 pontos. Na comparação semanal, os três índices avançaram: 0,59%, 1,94% e 4,19%, respectivamente.

Mais uma vez, o pregão foi influenciado pelo movimento especulativo de pequenos investidores que fizeram as ações da Game Stop dispararem quase 70%, depois de terem chegado a mais que dobrar de valor durante a sessão. Como consequência, as bolsas em Nova York operaram no vermelho durante todo o pregão. As ações de bancos estiveram em destaque, com Morgan Stanley em baixa de 3,27%, acompanhado por Citigroup (-3,08%) e Bank of America (-2,21%). A Securities and Exchange Comission (SEC), a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) americana, afirmou nesta sexta que "monitora e avalia" a volatilidade dos preços de "certas ações".

A Bk Asset Management disse em relatório que o sistema financeiro "não está preparado" para lidar com variações diárias tão grandes. A gestora avalia que a queda nas bolsas e um avanço em retornos de bônus sugerem que investidores ficaram preocupados com a perspectiva de "risco sistêmico, em meio a episódios recentes de grande volatilidade".

Para conter este movimento, a Robinhood adicionou mais 10 empresas à uma lista de papéis com negociações limitadas. Além disso, a corretora apertou as restrições às ações da GameStop, AMC e Nokia. Em resposta, a sua concorrente WeBull disse que não restringe "nenhuma negociação".

Outro setor a acumular perdas durante as negociações de nesta sexta foi o de energia. Occidental Petroleum (-4,25%), ExxonMobil (-2,65%), ConocoPhilips (-2,63%) e Royal Dutch Shell (-3,53%) fecharam em fortes baixas, seguidas do papel da Chevron, que recuou 4,29% após a empresa divulgar prejuízo líquido inesperado no quarto trimestre de 2020. Já as ações da Caterpillar caíram 0,81%, mesmo após a empresa registrar lucro ajustado acima da previsão de analistas.

Também ficou no foco de investidores a evolução da pandemia de covid-19 e da vacinação contra o sars-cov-2 ao redor do mundo. A França se juntou a países como Alemanha e Portugal e decidiu restringir o acesso de viajantes de diversos países, incluindo o Brasil, para frear a disseminação do novo coronavírus no país, com especial atenção às novas variantes do vírus. Além disso, aparentes atrasos na entrega de vacinas por fabricantes também preocupam o mercado. Nesta sexta, a União Europeia (UE) liberou o uso emergencial do imunizante da AstraZeneca, após recomendação da agência reguladora europeia, em meio a disputas com a farmacêutica britânica sobre o fornecimento de doses de sua vacina ao bloco.

O setor farmacêutico alternou entre fortes perdas e ganhos nesta sexta. A Johnson & Johnson divulgou eficácia de 66% da sua vacina de dose única para casos moderados e graves de covid-19. O resultado não animou os mercados e fez com que a ação da empresa caísse 3,56%. A queda da J&J impulsionou papéis de concorrentes, como a da Moderna (+8,53%). Em resultado oposto ao da J&J, a Novavax subiu 64,87% após informar que seu imunizante atingiu 90% de eficácia em testes realizados no Reino Unido.

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