Bolsas de NY fecham em baixa, com nova alta nos juros dos Treasuries

As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta quarta-feira, após pregão volátil marcado por novo avanço dos juros dos Treasuries americanos e perdas generalizadas em ações do setor de tecnologia dos Estados Unidos. O mercado segue preocupado com a possibilidade da inflação americana sofrer um repique em 2021, diante da recuperação econômica aliada aos estímulos fiscais propostos pelo governo de Joe Biden. Essa leitura, porém, contradiz dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que minimizam os riscos inflacionários e não esperam mudança na política monetária da entidade para frear o movimento de venda dos Treasuries.

O índice Dow Jones fechou com perda de 0,39%, aos 31.270,09 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 1,31%, aos 3.819,72 pontos. Já o Nasdaq encerrou o pregão em queda mais acentuada, de 2,70%, aos 12.997,75 pontos. O resultado de hoje se somou ao de ontem para marcar o pior desempenho em duas sessões seguidas do Nasdaq nos últimos seis meses, segundo a <i>Dow Jones Newswires</i>. O índice foi pressionado por ações de grandes empresas de tecnologia, como Apple (-2,45%), Microsoft (-2,70%), Alphabet (-2,57%), controladora do Google, e Facebook (-1,39%).

Por outro lado, papéis de companhias ligadas a setores mais tradicionais da atividade, como o financeiro e o de energia, subiram na maioria, dando algum fôlego ao Dow Jones, que avançou durante parte do pregão, mas firmou queda próximo ao fechamento. Entre os bancos, o JPMorgan Chase registrou alta de 1,93%, enquanto o Morgan Stanley avançou 1,57%. Já entre petroleiras, a Marathon Oil subiu 3,56%, seguida de Chevron (+1,12%) e ExxonMobil (+0,80%). A alta do setor reflete ainda a disparada nos estoques de petróleo dos EUA, em resultado que, segundo analistas, não corresponde ao cenário real, já que a produção nos EUA foi fortemente afetada por uma nevasca que atingiu o sul do país em fevereiro.

As bolsas nova-iorquinas seguem pressionadas pela cautela de investidores diante das expectativas de alta na inflação em 2021 com a possível aprovação do apoio fiscal de US$ 1,9 trilhão nos EUA. Em resposta, os juros dos Treasuries voltaram a subir após terminarem a sessão de ontem mistos. Para o presidente da distrital de Chicago do Fed, Charles Evans, uma inflação acima de 2%, meta da entidade monetária, não é preocupante, enquanto que um nível de preços entre 3% e 4% pode ser um problema. Apesar disso, o dirigente não vê necessidade do Fed reagir ao aumento dos rendimentos dos títulos públicos americanos.

Diante deste cenário, o mercado pouco reagiu à divulgação do Livro Bege do Fed hoje, que relatou uma recuperação apenas modesta na maior parte dos distritos analisados pela instituição. O documento ainda revelou que as empresas americanas seguem otimistas com o cenário futuro da economia, esperançosas pela distribuição em larga escala de vacinas para a covid-19.

Mais cedo, investidores ficaram de olho em indicadores da economia americana, como o relatório de criação de empregos pelo setor privado dos EUA, divulgado pela ADP, que registrou resultado para fevereiro bem abaixo das expectativas. Com os sinais vindos do mercado de trabalho, a alta do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços do mesmo mês foi apenas monitorada pelo mercado, assim como a queda do índice de atividade do setor para igual mês, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês).

*Com informações da Dow Jones Newswires

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