Economia

Bolsas de NY fecham em queda forte em reação a dados fracos na China e nos EUA

As bolsas dos EUA fecharam em queda forte nesta terça-feira, 1, acompanhando outros mercados globais de ações, depois de os indicadores de atividade industrial na China realimentarem as preocupações quanto ao crescimento da economia mundial. O índice Dow Jones, que chegou a cair 549 pontos na mínima, recuperou algum terreno, mas ainda assim teve sua terceira maior queda do ano; ele fechou 12,5% abaixo de seu pico de maio. O Nasdaq fechou 11% abaixo de sua máxima de julho e passou a acumular queda desde o começo do ano; das 502 componentes do S&P-500, 499 fecharam em baixa e 478 delas registraram perdas de 1% ou mais.

O dia foi mercado por turbulências em todos os mercados, com os preços do petróleo e dos metais básicos em queda forte e a demanda por “porto seguro” dando sustentação ao preço do ouro; os investidores também compraram títulos do Tesouro dos EUA, mas o dólar caiu diante das principais moedas.

Na China, o índice de atividade industrial dos gerentes de compras (PMI) recuou para 49,7 em agosto, de 50,0 em julho, na versão oficial da Federação Chinesa de Logística e Compras (CFLP); o PMI industrial Caixin/Markit ficou em 47,3 em agosto, de 47,8 em julho.

“Em circunstâncias normais, talvez nosso mercado não recebesse essas informações com tanta severidade e a volatilidade não seria tão grande, mas isso mostra que nosso mercado ainda está frágil”, disse Jonathan Corpina, da Meridian Equity Partners.

Dois índices PMI foram divulgados nos EUA: o da Markit ficou em 53,0 em agosto, em linha com a expectativa dos economistas, de 53,8 em julho; o do Instituto para Gestão de Oferta (ISM), mais acompanhado pelo mercado, ficou em 51,1 em agosto, de 52,7 em julho (a previsão para agosto era 52,7). Já o investimento em construção cresceu 0,7% em julho, para o nível mais alto desde maio de 2008, quando a expectativa era uma expansão de 0,5%.

Também nesta terça-feira, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que o crescimento da economia global está ameaçado por duas forças: “Uma recuperação mais fraca do que se esperava nas economias avançadas e uma desaceleração adicional nas economias emergentes, particularmente na América Latina”. “Ainda existe a expectativa de que a Ásia, como região, continue a liderar o crescimento global. Mas mesmo na Ásia o ritmo está se mostrando um pouco mais lento do que se esperava, com o risco de que ele possa desacelerar ainda mais, tendo em vista os saltos recentes da aversão global a riscos e da volatilidade nos mercados financeiros”, acrescentou.

Já o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, disse que a debilidade da economia mundial torna mais difícil que o nível de emprego nos EUA continue a melhorar e que a inflação suba para mais perto da meta do Fed. Para ele, a situação mundial deve ter algum impacto na economia dos EUA, podendo afetar a perspectiva de normalização da política monetária do Fed.

“No mínimo, as indicações de uma economia global muito mais fraca aumentariam as incertezas que cercam as previsões de crescimento econômico e de inflação dos formuladores de políticas”, acrescentou Rosengren. Em sua opinião, o Fed “precisa levar em conta os acontecimentos recentes, inclusive os dados que sugerem a desaceleração de economias estrangeiras, ao lado dos preços voláteis das ações e da queda dos preços das commodities – ambos fatores consistentes com uma economia global mais fraca”.

Na Chicago Board Options Exchange (CBOE), o índice de volatilidade VIX, referenciado no S&P-500, subiu 10,45%, para 31,40. “A percepção de que a desaceleração econômica é mais ampla do que os investidores pensavam é o que causou essa volatilidade no mercado. Os investidores estão ficando mais assustados”, afirmou Clement Miller, gestor do Wilmington Multi-Manager International Fund.

O estrategista Stephen Freedman, do UBS Wealth Management Americas, disse não estar vendo mudanças nos fundamentos da economia dos EUA e que continua relativamente otimista quanto ao desempenho das ações norte-americanas no prazo mais longo. Ele observou, porém, que o alastramento das quedas fortes dos mercados chineses para os EUA é preocupante. “Para nós, a questão é saber se estamos deixando de ver alguma coisa. Essa volatilidade está nos dizendo alguma coisa que não estamos vendo sobre o cenário fundamental dos EUA?”, questionou Freedman.

Randy Frederick, diretor de operações e de derivativos do Schwab Center for Financial Research, notou que “embora as perdas de hoje sejam agudas, elas não são tão ruins como as da segunda-feira da semana passada, quando o Dow caiu mil pontos. Portanto, não estamos vendo um pânico de vendas; o mercado está mais calmo, em termos relativos”.

Todas as 30 componentes do Dow caíram. Entre os destaques negativos da sessão estavam as ações de empresas que têm grande exposição na China, como Apple (-4,47%), Microsoft (-3,91%) e Qualcomm (-2,76%), as do setor financeiro (American Express, -3,35%, Goldman Sachs, -3,44%, JPMorgan Chase, -4,13%) e as do setor de energia (ExxonMobil, -4,20%, Chevron, -3,46%).

O índice Dow Jones fechou em queda de 469,68 pontos (2,84%), em 16.058,35 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 140,40 pontos (2,94%), em 4.636,11 pontos. O S&P-500 fechou em queda de 58,33 pontos (2,96%), em 1.913,85 pontos. Fonte: Dow Jones Newswires

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