Estadão

Bolsonaristas usam atrito de Tarcísio com Mendonça para frear privatização

Aliados de Jair Bolsonaro contrários ao projeto de privatização da Sabesp contam com uma rusga entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça para frear o processo. O magistrado, que é relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida por PSOL e PT contra a venda da empresa, tentou emplacar o advogado Maxwell Borges de Moura Vieira, seu aliado, em uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP), mas perdeu a disputa.

Tarcísio ficou do lado do cacique do PL, Valdemar Costa Neto, e de seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, e apoiou o ex-deputado federal Marco Aurélio Bertaiolli (PSD-SP), que tomou posse em outubro. O governador chegou a se reunir com os deputados da base para pedir apoio a Bertaiolli. Dos 94 integrantes da Assembleia Legislativa, 62 assinaram a indicação do nome do deputado, enquanto apenas 37 endossaram o apadrinhado de Mendonça.

<b>Ofensiva</b>

Auxiliares de Bolsonaro prometem uma ofensiva no STF contra a privatização da Sabesp. Eles pretendem levar a Mendonça elementos que o convençam a decidir favoravelmente à ação, como revelou a <i>Folha de S. Paulo</i> e confirmou o <b>Estadão</b>.

A ADI ataca um decreto editado por Tarcísio em agosto, que facilita o processo de privatização. O magistrado poderia ter declarado o decreto inconstitucional liminarmente – deixando a normativa suspensa até o plenário do STF terminar de julgar a ação -, mas decidiu adotar um rito mais demorado.

Antes de decidir se concede ou não a liminar, ele abriu prazo para o governo de São Paulo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestarem. Ontem, o processo aguardava manifestação do governo de São Paulo, que é o primeiro da fila.

A ofensiva prometida por bolsonaristas se aproveita ainda da onda de críticas às privatizações causada pelo apagão que atingiu a capital paulista nos últimos dias e deixou mais de 2,1 milhões de pessoas no escuro. Partes da região metropolitana ainda estavam sem energia até esta terça. A Enel, fornecedora de energia, comprou a Eletropaulo, desestatizada em 2018.

Levantamento feito pela Quaest a pedido do <b>Estadão</b> mostrou que, das 560 mil menções feitas ao apagão nas redes sociais, quase metade (42%) menciona Tarcísio ou Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo.

Procurados, nem o ministro André Mendonça nem o governo de São Paulo se manifestaram sobre o assunto até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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