Ao lado de Elon Musk, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (20) que a compra do Twitter pelo bilionário é um "sopro de esperança". Os dois estão reunidos no evento "Conecta Amazônia", organizado pelo Ministério das Comunicações, no Hotel Fasano Boa Vista, na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo.
A comitiva do presidente chegou ao local por volta das 10h30. Musk é o fundador da SpaceX e negocia uma operação para comprar o Twitter. Em janeiro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu aval ao pedido da Starlink, empresa de Musk, para operar satélites de órbita baixa no Brasil.
"O mais importante da presença dele é algo que é imaterial. Hoje em dia, poderíamos chamá-lo de mito da liberdade. O exemplo que nos deu, há poucos dias, quando anunciou a compra do Twitter, para nós aqui foi como um sopro de esperança", disse o presidente, que reclama das políticas de combate às fake news e discursos de ódio nas redes sociais. Para ele, trata-se de uma violação às liberdades de expressão.
A estratégia de comunicação nas redes sociais é classificada como crucial pelo Planalto para Bolsonaro enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro. Como mostrou o <b>Estadão</b>, integrantes da família Bolsonaro ganharam cerca de 200 mil novos seguidores no Twitter após a venda do aplicativo para Musk. Especialistas levantam a hipótese de haver impulsionamento por contas automatizadas. Esse padrão não foi identificado nos perfis dos políticos no Instagram.
Simpatizante do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Musk fechou um acordo para adquirir o Twitter em uma transação avaliada em US$ 44 bilhões. A operação, contudo, está suspensa. Musk já disse que reativará a conta de Trump no Twitter se obtiver o controle da plataforma.
O bilionário pousou em um aeroporto privado no interior de São Paulo, próximo a Sorocaba, às 9h da manhã, após deixar o Estado do Texas, nos Estados Unidos. Ao chegar no Brasil, disse estar animado para o lançamento do Starlink para a conexão de "19 mil escolas em áreas rurais e para o monitoramento ambiental da Amazônia".
Bolsonaro chegou ao hotel, que fica dentro de um condomínio de luxo, em um comboio com mais de 20 carros, e parou para cumprimentar os policiais na porta.
O encontro acontecerá em paralelo ao "Conecta Amazônia", evento para discutir marcos regulatórios, regulação na Amazônia e conectividade nas escolas. No Twitter, o ministro das Comunicações Fábio Faria disse que a reunião trate de conectividade e proteção da Amazônia.
"Vamos falar sobre os marcos regulatórios, regulação na Amazônia e conectividade nas escolas. A meta do MCom é conectar 100% das escolas até o final do ano e fazer com que a tecnologia ajude na preservação da Amazônia!!!", escreveu.
Em um rápido discurso, Bolsonaro destacou que a tecnologia cada vez mais se fará presente no mundo. Para ele, os carros autônomos da Tesla, empresa de Musk, vão sepultar as autoescolas e a CNH. O ministro Dias Toffoli, do STF, e ministros como Carlos França (Relações Exteriores) e Ciro Nogueira (Casa Civil) acompanhavam na plateia.
"A liberdade é a semente para o futuro. A presença dele aqui, uma pessoa que todos sabem da sua importância, do que ele representa para o mundo. Poderia estar preocupado consigo próprio, mas veio para nosso País, como tem andando pelo mundo, demonstrando o que ele pretende deixar para todos nós. Só a passagem e essa breve explanação já é uma coisa que nos marcará para sempre", declarou o chefe do Executivo.
Bolsonaro ainda afirmou que Musk vai ajudar a mostrar para o mundo a "verdade" sobre a Amazônia. "A questão da Amazônia para nós é muito importante. Nós pretendemos e precisamos, e contamos com o Elon Musk, para que a Amazônia seja conhecida por todos no Brasil e no mundo. Mostrar a exuberância dessa região, como ela é preservada por nós e quanto malefício causam para nós aqueles que difundem mentiras sobre essa região", afirmou o presidente, para quem há uma campanha internacional para difundir supostas mentiras sobre a real devastação da floresta.
Logo depois de Bolsonaro, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, tomou a palavra e, em inglês, chamou Musk de "visionário" e disse que o Brasil o ama. O empresário receberá uma medalha do governo brasileiro.
Na lista de empresários presentes ao encontro estão André Esteves, da BTG Pactual, Flávio Rocha, da Riachuelo, Rubens Ometto, da Cosan, Rodrigo Abreu, da Oi, José Feliz, da Claro, e Alberto Griselli, da TIM.
<b>Satélites</b>
O funcionamento dos satélites de órbita baixa de Musk no Brasil está na agenda do Ministério das Comunicações, comandado por Fábio Faria, que em dezembro chegou a encontrar Musk para debater o oferecimento do serviço no Brasil. As autorizações concedidas em janeiro são as primeiras para operação desse tipo de satélite no País.
Faria já afirmou em outras ocasiões que o objetivo desse tipo de tecnologia é levar internet para áreas rurais e lugares remotos, além de ajudar no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na floresta amazônica. A Internet da Starlink, de acordo com informações da empresa, funciona enviando dados através do vácuo do espaço, onde se desloca mais rapidamente do que em cabos de fibra óptica, o que a torna mais acessível a mais pessoas e locais.