Bolsonaro é alvo de panelaços durante pronunciamento

O presidente Jair Bolsonaro foi alvo de panelaços durante seu pronunciamento em rede nacional de rádio e TV nesta terça-feira, 23. A fala do presidente se deu no pior dia da pandemia, com 3.158 novas mortes pela covid-19, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Os protestos, que ocorreram sob os gritos de "Fora Bolsonaro" e "Bolsonaro Genocida", foram registrados em locais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Goiânia e Belo Horizonte.

A manifestação começou a ser convocada na tarde desta terça-feira e teve o endosso de políticos e personalidades que se posicionam contra o presidente.

O pronunciamento foi gravado nesta terça-feira, horas depois da posse do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que substituiu Eduardo Pazuello. O intuito foi melhorar a imagem do presidente, que sofre com o desgaste provocado pela condução da crise do novo coronavírus. Na última quarta-feira, 17, pesquisa Datafolha revelou que o presidente bateu recorde de rejeição, com 54% dos entrevistados considerando sua gestão na pandemia como ruim ou péssima. A pesquisa ainda identificou queda na aprovação a Bolsonaro, com 22% considerando a gestão ótima ou boa – frente a 26% da pesquisa de janeiro.

Nesta quarta-feira, 24, Bolsonaro vai se reunir no Palácio da Alvorada com governadores e a cúpula do Legislativo e do Judiciário, além do procurador-geral da República, Augusto Aras. A ideia é anunciar medidas para contenção da pandemia, que já dura um ano e chegou ao pior momento no País.

<b>Cidades</b>

Aos gritos de "genocida" e "assassino", manifestantes bateram panela em São Paulo em bairros como Santa Cecília, Vila Madalena, Bela Vista, Pinheiros, Perdizes, Pompeia, Higienópolis, República. Na Barra Funda, carros que passavam pela Avenida Francisco Matarazzo no momento do pronunciamento também participaram do protesto ao som de buzinaços.

Em Brasília, o panelaço foi registrado em bairros de classe média como as asas Sul e Norte, o Sudoeste e Águas Claras. Na Asa Norte, a manifestação foi acompanhada de gritos de "Fora Bolsonaro" e "Bolsonaro genocida" – o barulho foi mais intenso que em protestos anteriores.

Ao contrário de panelaços anteriores, a manifestação desta terça-feira em Brasília não foi acompanhada de gritos a favor do presidente. O bater de panelas também prosseguiu por alguns minutos depois do fim da fala do presidente.

No Rio de Janeiro, um intenso panelaço foi promovido em vários bairros durante o pronunciamento do presidente. O barulho das panelas e gritos como "fora, Bolsonaro" e "assassino" foram ouvidos nos bairros de Botafogo, Flamengo, Copacabana, Leme, Ipanema, Glória, Cosme Velho, Laranjeiras, Jardim Botânico, São Conrado (todos na zona sul), Tijuca, Grajaú (zona norte), Jacarepaguá e Barra da Tijuca (zona oeste). O pronunciamento durou menos de quatro minutos, mas na maioria desses bairros os protestos contra a gestão do presidente se estenderam por mais de cinco minutos.

<b>CONFIRA A ÍNTEGRA DO PRONUNCIAMENTO DE BOLSONARO</b>

Boa noite. Estamos no momento de uma nova variante do coronavírus, que infelizmente tem tirado a vidas de muitos brasileiros. Desde o começo eu disse que tínhamos dois grandes desafios: o vírus e o desemprego. E em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome.

Quero destacar que hoje somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacina distribuídas para todos os estados da federação. Graças às ações que tomamos logo no início da pandemia, em julho de 2020, assinamos um acordo com a Universidade de Oxford para a produção na Fiocruz de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca. E liberamos, em agosto, 1 bilhão e 900 milhões de reais.

Em setembro de 2020, assinamos outro acordo, com o consórcio Covax Facility, para a produção de 42 milhões de doses. O primeiro lote chegou no domingo passado. E já foi distribuído para os estados. Em dezembro, liberamos mais 20 bilhões de reais, o que possibilitou a aquisição da Coronavac, através do acordo com o Instituto Butantan. Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa, e assim foi feito. Hoje, somos produtores de vacina em território nacional. Mais do que isso, fabricaremos o próprio insumo farmacêutico ativo, que é a matéria prima necessária.

Em poucos meses, seremos autossuficientes na produção de vacinas. Não sabemos por quanto tempo teremos que enfrentar essa doença, mas a produção nacional vai garantir que possamos vacinar os brasileiros todos os anos, independentemente das variantes que possam surgir. Neste mês, intercedi pessoalmente junto à fabricante pfizer para a antecipação de 100 milhões de doses, que serão entregues até setembro de 2021. E também com a Janssen, garantindo 38 milhões de doses para este ano. Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão garantidas. Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de doses para vacinar toda a população.

Muito em breve, retomaremos nossa vida normal. solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em suas famílias. que Deus conforte seus corações. estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o ano da vacinação dos brasileiros. somos incansáveis na luta contra o coronavírus. Essa é a missão e vamos cumpri-la. Deus abençoe o nosso Brasil.

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