Numa tentativa de se contrapor ao ex-presidente República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participa nesta quinta-feira, 13, de atividades religiosas em Recife (PE). Sem palanque no Estado, o chefe do Executivo quer reduzir a vantagem obtida pelo petista no primeiro turno com foco na pauta de costumes. Nos últimos dias, o candidato à reeleição tem feito acenos para o eleitorado católico, enquanto tenta manter o apoio dos evangélicos.
Numa mudança de estratégia em relação ao primeiro turno, quando priorizou o Sudeste, Bolsonaro acredita, agora, que pode tirar votos de Lula no Nordeste. Em 2 de outubro, o petista obteve quase 12,9 milhões de votos a mais que o presidente na região.
Em discurso a apoiadores hoje na capital pernambucana, Bolsonaro voltou a se defender de críticas por ter associado a vitória do candidato do PT no Nordeste ao analfabetismo e à "falta de cultura".
"Aqueles que falam que eu não gosto de nordestino, fiquem sabendo: a minha princesa, a dona Michelle, é filha de um cabra da peste do Ceará. Sou apaixonado por uma nordestina e a minha filha, em suas veias, corre sangue de cabra da peste", declarou o chefe do Executivo. Bolsonaro também frisou, como costuma fazer para cativar o público conservador, que é contra o aborto, a legalização das drogas e o que chama de "ideologia de gênero".
Nesta quarta-feira, 12, num aceno ao público católico, Bolsonaro foi a Aparecida (SP) para participar das homenagens à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Um dia antes, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou o que chamou de "exploração eleitoral da fé" no segundo turno das eleições. No último domingo, 9, Bolsonaro participou do Círio de Nazaré, em Belém (PA), uma celebração católica em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré.
Para se mostrar "mais moderado", como defende a campanha, Bolsonaro voltou a dizer nesta quinta que "exagerou" nas declarações feitas durante a pandemia de covid-19. "Houve da minha parte algum exagero de algumas palavras, peço desculpas, mas faz parte da emoção e, talvez, da minha educação que eu tive em casa bastante rígida, agradeço aos meus pais, e, também, meus 15 anos de Exército Brasileiro", afirmou.
No primeiro turno da eleição, Bolsonaro chegou a dizer que "deu uma aloprada" e "perdeu a linha" quando afirmou, em 2020, que não era "coveiro" ao ser questionado sobre as mortes de brasileiros por covid-19. Três dias depois, contudo, o presidente voltou a dizer que "não errou nenhuma vez" na pandemia.