O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira, 19, que o comando do Exército marcou a história do Brasil em 2016, ano do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele não explicou exatamente a que episódio se referia. Mas à época, o então vice-presidente Michel Temer (MDB), que assumiu o Palácio do Planalto com a cassação da petista, chegou a procurar o então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, antes de assumir.
"Em 2016, em mais outro momento difícil da nossa nação, a participação do então comandante do Exército Villas Bôas marcou a nossa história", disse o presidente na cerimônia para marcar o Dia do Exército. Também compareceram à solenidade o vice-presidente Hamilton Mourão, e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Villas Bôas foi um comandante do Exército com bastante trânsito no mundo político e ganhou holofotes ao fazer um tuíte, em 2018, interpretado como ameaça velada ao STF na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Corte. "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais", publicou o general à época.
De acordo com Bolsonaro, as Forças Armadas "estão presentes", "sabem o que é melhor" para o País e têm compromisso em honrar a Constituição. "Quando se fala em Exército brasileiro, vem à nossa mente que, em todos os momentos difíceis que a nossa nação atravessou, as Forças Armadas, o nosso Exército sempre esteve presente. Assim foi em 22, em 35, em 64, em 86 com a transição, onde (sic) a participação ativa do então ministro do Exército Leônidas Gonçalves, a transição foi feita com os militares, não contra os militares", declarou o chefe do Executivo, em referência ao golpe militar de 1964, que mergulhou o Brasil em 21 anos de ditadura, e à transição para a democracia.
Bolsonaro ainda aproveitou o discurso para voltar a colocar em dúvida a lisura do sistema eleitoral brasileiro, defendida por especialistas, mas disse ter certeza de que a votação vai cumprir "seu ritmo normal". "Não podemos jamais ter eleições no Brasil que sobre elas pairem o manto da suspeição. Esse compromisso é de todos nós, presidentes dos Poderes e comandantes de Forças", declarou o presidente no discurso. "A alma da democracia repousa na tranquilidade e na transparência do sistema eleitoral", acrescentou.
Em seguida, Bolsonaro cumprimentou o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter convidado as Forças Armadas a acompanharem o processo eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro tem sido alvo de críticas do presidente.