O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 28, que as Forças Armadas têm "leitura política" sobre o País. A declaração vem na semana em que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a corporação estava sendo orientada a desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.
"Um general de Exército tem no mínimo 44 anos de serviço. Sabe o que tem que fazer. Sabe o que tá na Constituição e tem leitura política do que está acontecendo no Brasil", afirmou o presidente, em transmissão ao vivo nas redes sociais. "Não é só efeito o que acontece dentro da caserna, mas fora também. Afinal de contas, o chefe das Forças Armadas é quem o povo eleger", acrescentou.
Bolsonaro também voltou a criticar a fala de Barroso. "Forças Armadas vão receber orientação de quem? Ah, pelo amor de Deus", criticou. "Essa orientação só pode ser de mim, né, não vai ser de outra entidade." Crítico do Supremo, o presidente recomendou a quem assistiu à transmissão ao vivo assistir o discurso feito por ele ontem em cerimônia no Palácio do Planalto no qual fez ataques à Corte e ao sistema eleitoral brasileiro.
<b>Pandemia</b>
À revelia da ciência, Bolsonaro ainda voltou a defender o chamado tratamento precoce, comprovadamente ineficaz contra a covid-19, e citou o teste positivo para o coronavírus do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Ele tomou três doses, duas da Coronavac, lá do seu Doria, e outra da Pfizer. .. E raríssimas vezes deixou de usar máscara", disse o chefe do Executivo, minimizando a eficiência da vacinação e do uso de máscaras para conter a pandemia, como atestam cientistas.
Ao citar o teste positivo para covid-19 da vice-presidente americana Kamala Harris, Bolsonaro precisou de ajuda de assessores para pronunciar o sobrenome da "número dois" de Joe Biden.