O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta terça-feira, 30, que “pretende” ir a novos debates na TV durante a campanha eleitoral. No primeiro encontro “cara a cara” com outros candidatos ao Palácio do Planalto, no último domingo, 28, o chefe do Executivo atacou a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet (MDB). O rompante foi considerado um erro pela equipe bolsonarista, devido ao potencial de afastar as eleitoras, que já o rejeitam mais do que os homens.
“Você falou o verbo no tempo certo. Pretendo, pretendo”, respondeu Bolsonaro, ao ser questionado por jornalistas sobre a ida aos próximos debates. O presidente falou ao sair de um evento, em Brasília, com empresários dos setores de comércio e serviços.
No primeiro debate, Bolsonaro se irritou com uma pergunta sobre a pandemia de covid-19 e acabou atacando Vera Magalhães e Tebet. A candidata Soraya Thronicke (União Brasil) chegou a dizer que muitos homens são “tchutchuca” com outros homens e “tigrão” com as mulheres, em referência ao presidente.
A avaliação na campanha é de que Bolsonaro estava indo bem no debate ao usar os escândalos de corrupção nos governos petistas para tentar aumentar a rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa eleitoral. No entanto, a performance do candidato à reeleição “desandou” quando o foco se deslocou para o ataque às mulheres, disseram aliados ao <i>Broadcast Político</i>. “Ele não conseguiu segurar a onda”, afirmou uma fonte.
Depois do episódio, a campanha de Bolsonaro espera que Tebet e Soraya continuem confrontando o chefe do Executivo por causa de declarações machistas. “Elas viram que dava para crescer com a temática feminina em cima do Bolsonaro. Pode ser que venha mais porrada delas”, disse um interlocutor do candidato à reeleição.
Ontem, integrantes da campanha passaram o dia discutindo se Bolsonaro deve ir ou não aos próximos debates. Um dos principais temores é justamente que Tebet e Soraya repitam o desempenho nos ataques ao presidente relacionados à temática feminina. Aliados do chefe do Executivo dizem que o impacto dessa estratégia em entrevistas isoladas das candidatas não deve ser tão grande, mas que, num debate, que tem audiência e repercussão em escala muito maior, o “estrago” pode fazer diferença.
Para se defender no debate, Bolsonaro citou a primeira-dama Michelle, que tem atuado na campanha para tentar reduzir a rejeição do candidato no eleitorado feminino, e focou nos efeitos do Auxílio Brasil e do microcrédito na vida das mulheres. A estratégia de usar a economia para conquistar o voto feminino deve continuar. “É um tema em que ele fica mais confortável, onde ele consegue ter alguma coisa para mostrar”, afirmou um interlocutor.