O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira, 6, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é "de esquerda" e faz julgamentos "muito políticos". A declaração ocorre dias antes de novas ações sobre o ex-presidente serem julgadas pela Corte.
Bolsonaro é acusado de irregularidades por ter feito lives no Palácio da Alvorada, prédios públicos, durante a campanha presidencial do ano passado. Os processos são movidos pela Coligação Brasil da Esperança, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pelo PDT, partido do então candidato Ciro Gomes. O julgamento está marcado para próxima terça-feira, 10.
Em Belo Horizonte, onde tem compromissos neste final de semana, Bolsonaro questionou a análise do Tribunal. "Não sei o que vai acontecer. O TSE é um julgamento muito político, de esquerda, que tem acontecido lá. Isso é ruim para a democracia", afirmou a jornalistas.
O presidente do TSE é o ministro Alexandre de Moraes, responsável por inquéritos que tem Bolsonaro ou aliados dele como alvos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro é acusado de abuso de poder político durante a eleição presidencial de 2022, por ter usado as dependências do Alvorada para gravação de lives. O vice na chapa, general Walter Braga Netto (PL), também responde às ações.
Na entrevista, o ex-presidente disse que gravava os vídeos lá, porque "era a sua casa". Ele mencionou ainda que Lula também realiza esse tipo de programação no Palácio, em referência ao "Conversa com o Presidente".
"Querem me processar por fazer live no Alvorada. Foi a minha casa quando eu era presidente. O atual mandatário faz live lá. Com uma diferença enorme, né? Ele fala para os passarinhos. Eu falo para multidões", disse Bolsonaro na capital mineira.
Em junho, durante uma live, foi possível escutar o canto de pássaros na transmissão e Lula aproveitou para criticar o adversário. "Olha o passarinho cantando que coisa bonita. Onde você vê isso numa gravação do meu adversário, nas lives dele? Lá é só ódio. Aqui é tranquilidade e passividade", disse o presidente na ocasião.
<b>Recomendações do TCU sobre Lula</b>
Sobre as lives semanais do Lula, área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) sugeriu que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República seja advertida por causa da divulgação nas redes sociais de órgãos oficiais do governo. O alerta motivou o cancelamento da transmissão no último dia 20.
Em agosto, o <b>Estadão</b> mostrou que o governo do petista montou uma estrutura com oito funcionários da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para levar ao ar as lives. Apesar da contratação de nomes de peso como o ex-jornalista da Globo Marcos Uchôa e de novos comissionados (cargos sem concurso público), a iniciativa não trouxe resultados positivos em termos de audiência.
<b>Bolsonaro se tornou inelegível em junho</b>
No dia 30 de junho, o TSE tornou Bolsonaro inelegível por oito anos, pelo placar de 5 a 2, após ser condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, por causa de uma reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas.
Além das lives, o TSE julgará na próxima terça-feira se o ex-presidente cometeu irregularidades ao convocar coletivas de imprensa no Alvorada, onde governadores declararam apoio à sua reeleição.