O presidente Jair Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada mais cedo do que o de costume nesta terça-feira (28) e seguiu para compromisso que não estava previsto na agenda oficial. Bolsonaro deixou a residência oficial por volta de 7h35. Ele cumprimentou apoiadores, mas evitou falar com a imprensa. O chefe do Executivo, contudo, não chegou em seguida ao Palácio do Planalto, onde despacha diariamente. Ainda pela manhã, o presidente publicou vídeo em suas redes sociais em que aparece próximo a um alvo de tiro.
"Aí, dez tiros, o pior foi (pontuação) 8. Tá bom, né? Depois de 30 anos inativo", disse Bolsonaro no vídeo, que vem acompanhado da frase um "bom dia a todos". Até a publicação nas redes sociais, a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência (Secom) não sabia informar o paradeiro do mandatário e também ainda não confirmou se as imagens do vídeo são de hoje nem informou o local onde foram feitas. Pouco depois de postar o vídeo, o presidente chegou ao Planalto.
Nesta terça-feira, às 10h, o presidente tem reunião prevista com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário especial de Desestatização e Desinvestimento, Salim Mattar. À tarde, Bolsonaro recebe a cúpula de ministros no Planalto para reunião do Conselho de Governo.
A reunião já deve contar com o novo ministro da Justiça, André Mendonça, que sai da Advocacia-Geral da União para o lugar de Sérgio Moro. A nomeação foi publicada nesta madrugada no <i>Diário Oficial da União</i>, que também traz a nomeação do delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
A saída antecipada e o sumiço do presidente ocorrem após um dia de decisões importantes na Justiça que afetam o governo. Na segunda-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello decidiu autorizar a abertura de um inquérito para investigar as declarações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro contra o presidente Bolsonaro. A decisão atende ao pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
O inquérito deve apurar se foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.
O pedido de investigação ocorreu após a saída de Moro do Ministério da Justiça na última sexta-feira (24). Em coletiva, onde anunciou sua demissão, ele acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. O presidente negou no mesmo dia as acusações.
Além disso, também ontem o jornal <b>O Estado de S. Paulo</b> conseguiu na Justiça Federal o direito de obter os testes de covid-19 feitos pelo presidente. Por decisão da juíza Ana Lúcia Petri Betto, foi dado à União prazo de 48 horas para fornecer "os laudos de todos os exames" feitos pelo presidente para identificar a infecção ou não pelo novo coronavírus.
Bolsonaro fez o exame para o vírus duas vezes em março, após voltar de missão oficial nos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Donald Trump. Nas duas ocasiões, o chefe do Executivo informou, via redes sociais, que testou negativo para a doença, mas não exibiu cópia dos resultados. Pelo menos 23 pessoas que acompanharam o presidente brasileiro na viagem aos Estados Unidos, incluindo auxiliares próximos, foram diagnosticadas posteriormente com a doença.