O presidente Jair Bolsonaro reagiu às críticas feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após o chefe do Planalto ter participado das manifestações pró-governo no domingo, 15. Bolsonaro foi ao ato, apesar da orientação do Ministério da Saúde para evitar aglomerações de pessoas e da orientação de médicos e auxiliares.
O presidente da Câmara classificou a atitude como um "atentado à saúde pública". Em resposta, Bolsonaro declarou ter sofrido um "ataque frontal" de Rodrigo Maia. E ainda lembrou que o parlamentar, assim como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), participou de evento no Parque do Ibirapuera com 1,3 mil pessoas.
"Maia me chamou de irresponsável, fez um ataque frontal. Nunca tratei ele dessa maneira. É um jogo. Desgastar, desgastar, desgastar. Tem gente que está em campanha até hoje para 2022, dando pancada em mim o tempo todo", declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Bandeirantes.
"O (ministro da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta esteve em São Paulo com o governador Doria e depois que terminou a entrevista o Doria começa a descer o cacete no governo. A elite política se reuniu em 1,3 mil pessoas na oca do Parque Ibirapuera e eu não posso chegar perto das pessoas na rua."
O presidente da República relatou ainda ter conversado com Rodrigo Maia e dado a receita para o presidente da Câmara reduzir as críticas que recebe. De acordo com Bolsonaro, o parlamentar precisaria começar a trabalhar por pautas que interessam ao conjunto do povo brasileiro. No domingo, Maia foi um dos alvos dos manifestantes.
<b>Anvisa</b>
A Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) afirma ter recebido com "consternação" a notícia de que o diretor-presidente substituto da Anvisa, Antônio Barra, participou no Domingo de manifestações ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Em nota divulgada nesta segunda-feira, a Univisa afirma que os dois "descumpriram deliberadamente no dia de ontem as recomendações de segurança estabelecidas pelo Ministério da Saúde para a prevenção da disseminação do novo coronavírus (covid-19)".
Na nota, a associação lembra de todas as recomendações feitas pela própria Anvisa e pelo Ministério da Saúde para mitigar os efeitos da pandemia no Brasil. Segundo os servidores, diante das ações e recomendações, "os colaboradores da Anvisa foram surpreendidos pela mídia, que noticiou a presença do Diretor-Presidente Substituto em evento com aglomeração popular, contrariando algumas das recomendações emitidas pelo Ministério da Saúde".
A Univisa destaca que as autoridades sanitárias são "tomadas como exemplo pela população, e como tal, devem manter uma conduta irrepreensível neste momento de mobilização contra a pandemia". "A inobservância das recomendações de segurança sanitária por parte do Sr. diretor-presidente Substituto durante interação com manifestantes em Brasília no dia de ontem estão em descompasso com os esforços empreendidos pelos trabalhadores da Anvisa", diz a nota. "Por isso, a Univisa vem a público manifestar o descontentamento dos servidores diante dessa situação", completa.
<b>Recomendações</b>
A associação reforça que a população deve se manter alerta e seguir criteriosamente as recomendações feitas pelos agentes de saúde pública, tais como evitar aglomerações e contatos mais próximos com outras pessoas. E para os que já manifestaram sintomas como febre, indisposição e tosse seca, lembra que a recomendação é para cumprir isolamento para evitar a disseminação do vírus. "Reiteramos o compromisso irrestrito dos servidores de carreira da Anvisa no combate à disseminação do novo coronavírus e na defesa do SUS", encerra a nota.
Por meio de sua assessoria, no domingo, a Anvisa informou que o diretor-presidente do órgão recebeu o convite do presidente Bolsonaro para ir ao Palácio do Alvorada e aceitou. Em seguida, ele acompanhou o presidente em ato pró-governo realizado na Esplanada dos Ministérios. Na companhia de Barra, Bolsonaro se aproximou dos manifestantes, fez selfies com o rosto colado ao de populares e tocou nas mãos das pessoas. As atitudes contrariam as orientações dadas pelo Ministério da Saúde à população para controlar a epidemia do coronavírus.