Estadão

Bolsonaro fará reunião com policiais em meio à pressão por reajuste da categoria

O presidente Jair Bolsonaro anunciou uma reunião ainda na tarde desta terça-feira (14) com a equipe econômica e dirigentes das forças policiais brasileiras. O compromisso não consta da agenda oficial do chefe do Executivo e vem em meio à pressão por reajuste no salário da categoria.

Na semana passada, Bolsonaro voltou a prometer reajuste para todos os servidores em 2022, ano em que disputa a reeleição. "Reajuste seria de 3%, 4%, 5%, 2%, que seja de 1%", disse entrevista à <i>Gazeta do Povo</i>.

Em cerimônia no Palácio do Planalto para lançamento do programa Rodovida, que busca integração de órgãos públicos para reduzir acidentes de trânsito, o presidente convidou publicamente três autoridades para participar da reunião desta tarde: o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino; o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques; e a presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Tania Prado.

"Temos reunião hoje à tarde com a equipe econômica para discutir uma coisa que interessa a todos vocês", declarou o presidente durante seu discurso. "Algumas injustiças acontecem em nossas vidas, reconheço. Não quero me eximir de responsabilidade e temos que buscar corrigi-las. Se Deus quiser, teremos reunião profícua hoje à tarde para atender a todos vocês", acrescentou, em mais um sinal de que o governo deve elevar a remuneração dos policiais, uma base de apoio importante para o chefe do Executivo na busca pela reeleição em 2022.

Ainda assim, Bolsonaro classificou a despolitização das polícias como algo "muito importante". "Os mais jovens talvez não tenham noção de como era a politização da PRF no ano passado", declarou o presidente. Em seguida, Bolsonaro disse ter dado azar ao vencer as eleições de 2018. "Fui candidato porque quis. Dei azar? Dei."

O presidente também afirmou que a pandemia de covid-19 "parece que chegou ao fim". "Mas para algumas autoridades ainda não", completou, em mais um sinal de resistência a medidas de redução de contágio do coronavírus enquanto o mundo vive a ameaça da variante Ômicron.

<b>Reestruturação</b>

Após Bolsonaro anunciar a reunião, o ministro da Justiça, Anderson Torres, confirmou que o encontro tratará de uma reestruturação nas carreiras com direito a reajuste de salários. De acordo com Torres, a reunião de hoje será entre Economia e Justiça para reestruturar e regulamentar as carreiras de policiais federais e rodoviários federais. "Toda reestruturação prevê diminuição aqui, aumento ali", declarou o ministro a jornalistas no Palácio do Planalto, depois da cerimônia de lançamento do programa Rodovida. "Tem que fazer a previsão orçamentária este ano para ano que vem ser apresentada Medida Provisória", acrescentou, sinalizando a forma jurídica como o governo deve conduzir a medida.

O ministro da Justiça evitou oficializar um ajuste médio para todas as categorias policiais – disse apenas que a questão ainda está pendente e será formalizada na agenda de hoje. "Nada está fechado. Tudo depende dessa reunião. Não vamos fazer nada desalinhado com ministérios".

Ainda segundo Torres, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que nas eleições 2018 se alinhou a Bolsonaro em defesa do enxugamento de gastos públicos, reagiu bem à convocação da reunião com os policiais. "Já havia a previsão de fazer isso reajuste com o governo, não é segredo para ninguém. Então, ele reagiu bem. A gente vai conversar agora à tarde", declarou.

<b>Fronteiras</b>

Anderson Torres ainda afirmou aos jornalistas que a portaria com novas regras de entrada no País, adequadas à determinação de exigência do passaporte da vacina definida pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), será publicada tão logo o governo obtenha "esclarecimentos" solicitados pela Advocacia-Geral da União (AGU) em recurso. "Portaria sai depois do resultado dos embargos de declaração", disse o ministro.

Questionado, o chefe da pasta da Justiça também não quis comentar a decisão da Polícia Federal de intimar Bolsonaro a depor em inquérito sobre a divulgação de investigação sigilosa de um ataque hacker ao sistema interno do Tribunal Superior Eleitoral em 2018. "O que ocorre nas investigações eu não me envolvo", disse.

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