O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma cerimônia de promoção de cinco oficiais-generais do Exército nesta quinta-feira, 1º, em Brasília, mas não discursou e nem falou com a imprensa. Esta é a segunda aparição pública do chefe do Executivo em agenda oficial após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, em 30 de outubro. No último sábado, 26, Bolsonaro participou de um evento na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Rio de Janeiro, quando também ficou em silêncio.
Desde a debacle nas urnas, o presidente entrou em processo de reclusão. Esteve poucas vezes no Palácio do Planalto, uma delas em 3 de novembro, quando se encontrou rapidamente com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB).
Bolsonaro se pronunciou apenas em duas ocasiões: em 1º de novembro, quando fez uma fala à imprensa na qual não reconheceu a derrota para Lula, e no dia seguinte, em um vídeo no qual pediu que apoiadores desbloqueassem estradas federais.
O presidente também diminuiu a ostensiva presença nas redes sociais, onde vem se limitando a publicar fotos em agendas oficiais anteriores e divulgar realizações da gestão. Bolsonaro abandonou até as tradicionais "lives" feitas às quintas-feiras.
O silêncio de Bolsonaro ocorre a contragosto de aliados, que insistem para que o presidente se dirija a apoiadores contrariados com a vitória de Lula que permanecem nas ruas em protestos golpistas por intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O vice-presidente Hamilton Mourão revelou ter pedido a Bolsonaro que conversasse com apoiadores no sábado passado, na Aman. Ele teria se recusado por estar "meio triste", nas palavras de Mourão. A cerimônia desta quinta teve também a presença de Mourão, do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno e do candidato a vice de Bolsonaro nas eleições deste ano, Walter Braga Netto.