Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro disse neste domingo, 25, que não se pode concordar que um Poder da República "tire do palco político quem quer que seja". O ex-presidente pediu que seus aliados e apoiadores foquem nas eleições de 2024 e 2026 e afirmou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como seu possível sucessor, está "consagrado na política".
Bolsonaro convocou para este domingo um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, depois de ter sido um dos alvos da operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal (PF) no último dia 8, quando teve que entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado que impediria a realização das eleições de 2022 ou a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Em 2024 agora, temos eleições municipais, vamos caprichar no voto, em especial para vereadores e para prefeitos também. E nos preparemos para 2026. O futuro a Deus pertence. Sabemos o que deve ser feito no futuro para que o Brasil tenha um presidente que tenha Deus no coração, que ame a sua bandeira, que se emocione cantando o Hino Nacional, que respeite a família brasileira e que ame de verdade o seu povo", declarou Bolsonaro, em trio elétrico na Paulista.
"E também para dizer que não podemos concordar que um Poder tire do palco político quem quer que seja, a não ser por um motivo extremamente justo. Não podemos pensar em ganhar as eleições afastando os opositores do cenário político", emendou o ex-presidente. Bolsonaro foi condenado pelo TSE a ficar sem os direitos políticos durante oito anos por ter promovido uma reunião com embaixadores estrangeiros, em 2022, na qual atacou as urnas eletrônicas.
No discurso deste domingo, sem mencionar nomes, Bolsonaro afirmou que é "lamentável o abuso por parte de alguns" e disse que seus apoiadores ainda podem fazer muito "pela nossa pátria".
Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio é considerado herdeiro político natural de Bolsonaro. Aliados do governador dizem, contudo, que ele pode não concorrer a presidente em 2026 caso o governo Lula esteja bem avaliado e o petista dispute a reeleição. Tarcísio tem receio de sair antes da hora do governo de São Paulo e ficar sem cargo.
Bolsonaro convocou o ato na Paulista para mostrar força política em meio ao avanço das investigações da PF. "(O ato) É para termos uma fotografia para o mundo e para o Brasil do que é a garra do povo brasileiro", disse Bolsonaro no trio elétrico aos manifestantes reunidos na Paulista.
Ao gravar um vídeo no último dia 12 para chamar os apoiadores para a manifestação, o ex-presidente disse que queria um movimento "pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito".
Ele também pediu que os militantes não carregassem faixas ou cartazes "contra quem quer que seja", mas apenas fossem ao local vestidos de verde e amarelo. Em atos anteriores na Paulista, durante seu governo, Bolsonaro chegou a atacar verbalmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, como Alexandre de Moraes.