Estadão

Bolsonaro pede visto de turista para ficar nos EUA, diz escritório de advocacia

O ex-presidente Jair Bolsonaro deu entrada no processo para trocar de visto nos Estados Unidos e permanecer no país na condição de turista, segundo o escritório de advocacia AG Immigration, responsável pela condução do caso.

Fora da Presidência e com o fim do prazo para uso do visto oficial concedido a chefes de Estado, o brasileiro agora quer permanecer na Flórida com visto de turista, que pode dar direito a mais seis meses de estadia no país.

"A AG Immigration, um dos principais escritórios de advocacia imigratória para os Estados Unidos, informa que está representando o ex-presidente da República Federativa do Brasil Jair Bolsonaro em seu processo de solicitação de visto e extensão de permanência em solo americano", informou o escritório, por meio de nota.

A informação de que Bolsonaro havia pedido para usar visto de turista nos Estados Unidos, o que lhe daria mais tempo fora do Brasil, foi antecipada pela colunista Bela Megale, do jornal <i>O Globo</i>. Nesta segunda-feira, 30, o jornal britânico <i>Financial Times</i> publicou que o processo foi iniciado pelo escritório de advocacia AG Immigration.

No sábado, 28, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que seu pai não tem prazo para voltar ao Brasil e confirmou que o ex-presidente deu entrada para renovar o visto de permanência nos Estados Unidos. "Não tem previsão, ele (Bolsonaro) que sabe. Pode ser amanhã, daqui a seis meses, pode não voltar nunca. Não sei. Você nunca tirou férias, não?", perguntou Flávio ao ser questionado por repórteres.

"Ele está desopilando. O cara passou quatro anos tomando porrada, fazendo o melhor pelo Brasil. O cara merece, por tudo que ele fez, estar lá desopilando", disse o senador, após o lançamento do bloco formado por PL, PP e Republicanos para apoiar a candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) à presidência do Senado no biênio 2023-2024.

A possibilidade de Bolsonaro manter visto oficial, concedido a chefes de Estado, para permanecer nos Estados Unidos expirou nesta segunda-feira, 30. Ele está na Flórida desde o dia 30 de dezembro e entrou no país antes do fim de seu mandato, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Portadores de visto oficial que não estejam mais no cargo ou missão que os levou aos Estados Unidos têm 30 dias para solicitar alteração do status. Enquanto esse pedido é precessado, como é o caso de Bolsonaro, o portador de visto oficial fica de maneira regular no país.

O americano Joe Biden sofre pressão interna, por parte dos parlamentares democratas, em razão da permanência de Bolsonaro nos EUA. Há cerca de dez dias, 46 deputados americanos pediram que o governo Biden não permita que Bolsonaro permaneça nos EUA e que o FBI apure se os atos golpistas em Brasília foram planejados em território americano.

Na sequência dos ataques golpistas em Brasília, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que não há elementos para pedir extradição de Bolsonaro, pois só é possível pedir a extradição de quem responde por processo criminal. Bolsonaro é investigado perante o Supremo Tribunal Federal por suposta incitação aos atos golpistas. Ele só passa a ser réu se vier a ser formalmente acusado de crime após as investigações e a denúncia (acusação) for aceita pela Corte, quando há a abertura do processo criminal.

Questões de saúde podem antecipar a volta do ex-presidente ao Brasil. No fim do ano passado, ele chegou a ser internado em hotel em Orlando, na Flórida, por complicações em razão da facada que sofreu na campanha de 2018. Há previsão de que ele realize uma nova cirurgia no Brasil, inclusive em razão dos custos elevados de cuidados médicos nos Estados Unidos.

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