Bolsonaro reclama de críticas e deixa conversa com apoiadores após interrupção

O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar nesta terça-feira, 13, contra as medidas de fechamento adotadas para frear a pandemia da covid-19. Para uma claque agitada, o chefe do Executivo se queixou de críticas direcionadas ao seu governo e chegou a abandonar a conversa com os simpatizantes após ter sido interrompido mais de uma vez.

"O pessoal fica reclamando que acabou o emprego, quem fechou o comércio não fui eu. Quem te obrigou a ficar em casa não fui eu. Eu faço a minha parte. É impressionante, com todo respeito aqui, o pessoal em vez de dar força para mim, criticam. Eu não sou ditador do Brasil", declarou para apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

Na conversa, Bolsonaro respondeu a um apoiador que pediu maior atenção para o Estado do Rio de Janeiro. "Lá o povo elegeu 70 deputados estaduais e elegeu 51 vereadores. Eu sou presidente da República. Estados e municípios têm outras pessoas para tomar conta", disse. O presidente tem defendido que a CPI da Covid-19 também investigue governadores e prefeitos e suas ações durante a crise sanitária.

Em mais uma queixa, o presidente também citou ser cobrado por suas indicações de autoridades. Ontem, Bolsonaro riu quando soube que seu indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Kassio Nunes Marques, foi sorteado relator de um mandado de segurança para obrigar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a abrir um processo de impeachment contra o também ministro do STF Alexandre de Moraes.

A ação contra Moraes foi protocolada pelo senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) nesta segunda-feira, 12, após o parlamentar divulgar uma conversa sua com Bolsonaro, em que o presidente defendeu o andamento de processos de afastamento contra integrantes do STF. "Olha só, quando indicavam ministro para o Supremo ninguém falava nada, quando indicavam uma autoridade para tudo quanto é lugar ninguém falava nada. Agora, cobram tudo de mim", disse Bolsonaro hoje.

O presidente também fez referência a uma declaração feita por Kajuru, mas não concluiu o raciocínio. Incomodado com interrupções, se despediu e deixou o local. "O senador Kajuru falou que dei um chá de cadeira de dez horas no presidente da Pfizer, é isso mesmo? E falou que um ex-ministro ia… um ex-ministro… Pessoal, obrigado aí", disse e foi embora em direção ao Palácio do Planalto, onde despacha diariamente.

Kajuru afirmou nesta segunda-feira em entrevista à <i>CNN Brasil</i> que, no ano passado, Bolsonaro teria se recusado a receber o presidente da farmacêutica Pfizer, produtora de vacinas contra a covid-19. Na ocasião, o executivo teria esperado cerca de dez horas por um retorno de Bolsonaro, que não o recebeu. O senador afirmou que um "ex-ministro da Saúde" poderia confirmar o ocorrido.

Em suas redes sociais, Bolsonaro compartilhou trecho da entrevista de Kajuru e disse que as declarações eram mentirosas. "Mais uma mentira do Kajuru. Quem seria o ex-ministro da Saúde citado pelo senador? Com a palavra aquele que me gravou, obviamente, sem autorização", escreveu. Desde o início da pandemia, já ocuparam a vaga de ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.

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