O presidente Jair Bolsonaro repetiu, em transmissão ao vivo nas redes sociais, a afirmação de que a Lava Jato "não funcionou" para o seu governo porque, segundo ele, não haveria corrupção na sua administração. Ele completou dizendo que para o Brasil a operação anticorrupção teria função e, "com toda certeza", haverá novos desdobramentos até o fim do ano.
Na semana passada, Bolsonaro declarou, em evento no Palácio do Planalto, que a operação Lava Jato havia "acabado" porque não há corrupção em seu governo. Ontem, para apoiadores, o mandatário reforçou a fala e afirmou que daria uma "voadora no pescoço" de quem se envolvesse em casos de corrupção no seu governo.
Horas depois, veio à tona a operação de busca e apreensão que encontrou R$ 33.150,00 em espécie na cueca do então vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR). Hoje, o parlamentar foi destituído do cargo de liderança. Agentes apreenderam em sua residência em Boa Vista (RR) outros R$ 10 mil e US$ 6 mil em um cofre.
Ao lado do ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, Bolsonaro sustentou que tenta "fechar os ralos da corrupção que possam estar acontecendo". Ele alegou que não é fácil combater a corrupção porque ela está, na visão do presidente, "enraizada".
<b>Segurança</b>
Mendonça aproveitou para comentar o caso do traficante André do Rap, solto por decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), depois derrubada pelo presidente da Corte, Luiz Fux. Hoje, o plenário do Supremo referendou o ato de Fux por nove votos a um. Segundo o ministro da Justiça, o fato de que o pacote anticrime determina reanálise de prisões preventivas a cada 90 dias não significa que o preso deve ser automaticamente solto ao fim desse prazo.
Bolsonaro acrescentou que jamais colocaria, nas suas palavras, "um elemento como este" em liberdade.
Além de tentar o tempo todo se desvincular do caso envolvendo Rodrigues, o presidente também sustentou na live desta quinta-feira (15) que a investigação em curso no âmbito do STF sobre suposta tentativa de interferência dele na Polícia Federal não teria encontrado provas de que ele teria agido irregularmente. O inquérito foi aberto após acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
Apesar de falar de Moro com irritação ao abordar esse caso, Bolsonaro afirmou em outro momento da transmissão que o ex-juiz federal "foi brilhante" ao coordenar a transferência de lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) do Estado de São Paulo para presídios federais.