Estadão

Bolsonaro, sobre Ciro Nogueira: Se for julgado e condenado, afasto do meu governo

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 26, que caso o senador Ciro Nogueira (PP-PI) seja julgado e condenado em qualquer uma das ações em que é réu, será afastado do governo. O presidente indicou na semana passada que Ciro deverá assumir a Casa Civil do governo no lugar do atual ministro Luiz Eduardo Ramos. Entre as denúncias, Nogueira é réu no caso do Quadrilhão do PP, aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019 e investigado pela PF em outros supostos envolvimentos em esquemas de propina.

À rádio <i>Arapuan</i>, da Paraíba, Bolsonaro reforçou que se ele for afastar do seu convívio os parlamentares que são réus ou que têm inquéritos abertos, perderia quase metade do Parlamento. "Tenho que governar com quem o povo mandou para cá." "Acho que todos nós só somos culpados depois da sentença transitada em julgado", disse Bolsonaro ao lembrar do caso em que é réu por injúria e apologia ao crime de estupro contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).

Segundo o presidente, sem o apoio dos partidos de centro, o governo não seria capaz de aprovar nada na Câmara com os pouco menos de 300 votos restantes, principalmente propostas de emenda à Constituição, as quais dependem do voto afirmativo de três quintos da Casa, ou 308 deputados. "Temos que nos aproximar do maior número de partidos que possam trazer apoio para a gente poder governar. Poder ter voto dentro do Parlamento. O Centrão é nome pejorativo de vários partidos de centro, que têm sido úteis para nós aprovarmos muita coisa", afirmou Bolsonaro, que citou o reajuste ao Bolsa Família como proposta que depende do apoio do grupo.

Sobre as promessas de campanha em 2018, de que não governaria com os partidos de centro, e pela aparente proximidade com a estratégia utilizada durante governos do PT em busca de apoio no Congresso, Bolsonaro disse que há uma "grande diferença". "Eles Lula e Dilma distribuíram estatais para os partidos políticos. A Petrobras, os Correios, o BNDES, a Caixa Econômica, Banco do Brasil. Nada disso está nas mãos de políticos no meu governo. Então há uma diferença enorme entre o que Lula e Dilma fizeram no passado e o que eu faço agora." Apesar da fala sobre distribuição de cargos, Bolsonaro ressaltou que, entre os ministérios, os ministros das pastas mais importantes continuam sendo escolhidos por critério técnico.

O presidente também disse que nenhum partido irá influenciar a sua decisão de veto ou não ao aumento do fundo eleitoral, de R$ 2 bilhões na última eleição, para R$ 5,7 bilhões, segundo proposta de previsão orçamentária. Mais cedo, Bolsonaro disse que seu veto ao Fundo Eleitoral se aplica apenas à parcela deste montante que excede o valor da verba destinada às campanhas dos partidos para o pleito de 2020 reajustado pela inflação.

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