O presidente Jair Bolsonaro (PL) irá participar de um jantar com empresários em São Paulo no mesmo dia em que banqueiros e um outro grupo do empresariado nacional participam de ato na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em defesa do sistema eleitoral. A informação foi revelada pelo jornal <i>Folha de S. Paulo</i> e confirmada pelo <b>Estadão</b>. O movimento pela democracia e em defesa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é uma resposta às investidas de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
O jantar para Bolsonaro será organizado pelo grupo Esfera Brasil, que é coordenado pelo empresário João Camargo. O grupo tem liderado encontros de empresários com políticos de diferentes partidos e já recebeu a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Guido Mantega.
Entre os nomes que costumam ser convidados por João Camargo para as reuniões com políticos estão Abilio Diniz (Península Participações) e Flávio Rocha (Riachuelo). Nenhum dos três consta na lista de signatários do manifesto contra os ataques à democracia até o momento, segundo consulta ao documento mais recente divulgado no site da Faculdade de Direito da USP.
Abílio esteve em um jantar reservado com Lula neste ano e também participou do encontro do Esfera com Gleisi Hoffmann. João Camargo também esteve pessoalmente com o ex-presidente. Ele foi um dos convidados de um encontro privado com o petista organizado na casa do advogado Sérgio Renault.
O Esfera Brasil se define como uma organização apartidária, aberta a receber candidatos de todos os partidos. Na prática, no entanto, a campanha de Bolsonaro pretende usar a reunião para mostrar que o presidente não está isolado no meio empresarial, no mesmo dia em que um grande ato em defesa da democracia é organizado. Aliados do presidente têm criticado o evento a favor dos Tribunais Superiores e do sistema eleitoral, apesar de não haver menção explícita ao nome de Bolsonaro em nenhum dos documentos que serão lidos no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá uma reunião na quinta-feira, 28, na Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em Brasília. O encontro faz parte da aproximação do petista com entidades que representam sindicatos patronais de diferentes áreas da economia brasileira. Depois de uma rodada de jantares privados com empresários, Lula tem buscado estabelecer a ponte com atores econômicos também de maneira institucional, através das entidades que representam setores empresariais.
Neste mês de julho, Lula já esteve em almoço na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para onde voltará em agosto, e também participou de evento na Confederação Nacional do Comércio, em Brasília.
Para o encontro de quinta-feira, 28, Lula será recebido pelo presidente da CNT, Vander Costa. O candidato a vice na chapa petista, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vai acompanhá-lo na apresentação de propostas para o setor de transporte.
Nas conversas com o empresariado, Lula tem dito que seu governo trabalhará com previsibilidade e responsabilidade fiscal. O ex-presidente costuma fazer referência a seus governos passados, ao pedir a confiança de empresários. Ele tenta desfazer um mal-estar gerado entre atores econômicos e o PT, exacerbado durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.