Depois de o Brasil assistir, na semana passada, a um grande estresse na Bolsa, no dólar e nas negociações de juros com a decisão do governo de alterar o teto de gastos para viabilizar o Auxílio Brasil, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a chamar o mercado financeiro de "nervosinho". "Qualquer negocinho aumenta taxa de juros de longo prazo, perde R$ 50 bilhões, é assim que acontece", afirmou o chefe do Executivo nesta quarta-feira, 27, em entrevista ao programa Pânico, da rádio <i>Jovem Pan</i>. Em seguida, disse estar "completamente engessado" pelo teto de gastos.
Minimizado por Bolsonaro, o "negocinho" foi interpretado por muitos economistas e setores da política como o abandono da âncora fiscal do País para financiar um benefício temporário – o pagamento de R$ 400 do Auxílio Brasil – em ano eleitoral, já que as parcelas majoradas vencerão em dezembro de 2022.
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o governo ignorou sugestões para criar o programa sem mexer no teto.
O chefe do Executivo ainda fez um diagnóstico para a depreciação do real: "Brasil está vivendo uma insegurança jurídica, aí o dólar não baixa", afirmou, sem considerar o componente político e de incerteza da trajetória fiscal incidente no mercado de câmbio.
Apesar da inflação elevada e do desemprego ainda em níveis preocupantes, Bolsonaro também voltou a defender a política econômica do seu governo, destacando especialmente investimentos feitos em Itaipu e a lucratividade dos Correios. "Correios, ano passado, deram lucro de R$ 1,5 bilhão. E esse ano deve dar de R$ 3 bilhões."