Ao suspender o alvará, concedido de forma precipitada à Igreja Mundial do Poder de Deus, a Prefeitura de Guarulhos assume que errou ao liberar o espaço para a realização de um megaevento no dia 1º de janeiro. Assim, busca não ser responsabilizada por todos os problemas gerados naquele dia aos milhares de habitantes da cidade que foram penalizados pelo caos causado no trânsito. Também aqueles passageiros que perderam seus voos no Aeroporto Internacional até poderiam responsabilizar a municipalidade. Mas talvez o erro não tenha sido a liberação do alvará, propriamente dito. Em nota, a Prefeitura informa que concedeu o documento porque se baseou em um protocolo enviado pela Igreja, que continha o pedido de liberação ao Corpo de Bombeiros.
Ou seja, a Prefeitura teria então sido induzida ao erro. Os setores responsáveis poderiam ter evitado todos oso problemas e a repercussão negativa se tivessem checado se a informação era verdadeira. Talvez um telefonema ou troca de e-mails fosse suficiente para checar a veracidade. Se não fosse possível saber isso na inauguração, ainda havia a chance do Executivo não permitir a realização de um segundo evento no dia 13. O Ministério Público Estadual sugeriu que o evento fosse suspenso. No entanto, a Prefeitura acabou proporcionando a realização da vigília, ao colocar funcionários públicos municipais para garantir a ordem no entorno do evento. No final, uma liminar chegou a proibir a realização da tal vigília, já que a Justiça entendeu que a cidade não poderia ser prejudicada. Mesmo assim, à revelia e sob pena de pagar multa de R$ 100 mil, o evento foi realizado. O caos do primeiro dia não se repetiu com a mesma intensidade, mas a região foi prejudicada na madrugada devido ao movimento acima do normal.
O alvará está suspenso. Cabe agora à Igreja Mundial realizar todo o planejamento necessário para segurança interna, atendendo as normas do Corpo de Bombeiros, como viário, oferecendo um plano com contrapartidas ao município, no sentido de se evitar a repetição dos mesmos erros. Desta forma, nos futuros eventos, ninguém será penalizado. E a palavra de Deus, conforme prega o líder da Mundial, Valdemiro Santiago, possa ser propagada sem que a população local fique com a conta.