Um boneco com a camisa de Vinícius Junior apareceu enforcado em uma ponte da cidade de Madri no início desta quinta-feira, horas antes do clássico entre Real Madrid e Atlético de Madrid, pelas quartas de final da Copa do Rei, às 17h (pelo horário de Brasília). Uma faixa com a frase "Madrid odeia o Real" foi estendida na ponte. Trata-se de um lema da Frente Atlético, uma das torcidas organizadas do time. O atacante brasileiro vem sendo alvo de ofensas racistas nos últimos meses no futebol espanhol.
A ponte em questão fica próximo à Cidade Desportiva do Real Madrid, centro de treinamento do clube. A imagem rapidamente viralizou nas redes sociais, rendendo diversas críticas ao ato. A Frente Atlética nega que a provocação tenha sido uma ação do grupo. Em nota, a LaLiga, entidade responsável pela organização do Campeonato Espanhol, condenou o ataque e afirmou que vai investigar o caso.
"Condenamos veementemente os atos de ódio contra Vinícius Junior. Intolerância e violência não cabem no futebol. Como em ocasiões anteriores, a LaLiga vai instaurar a apuração dos fatos em busca da condenação dos responsáveis, requerendo as mais severas sanções penais", publicou.
Esse é mais um episódio em que Vinicius Junior é perseguido por torcedores rivais. Em setembro, ele sofreu insultos racistas da torcida do Atlético de Madrid antes do clássico entre os rivais. À época, a diretoria do clube prometeu punição exemplar a todos os torcedores que forem identificados pelos insultos racistas. Três sócios foram suspensos e a promessa era que a punição rigorosa atingiria mais "criminosos."
Por outro lado, o Ministério Público da Espanha arquivou o inquérito que havia aberto para investigar os insultos racistas feitos ao atacante. De acordo com o jornal espanhol <i>Marca</i>, o órgão considerou que as manifestações duraram alguns segundos e aconteceram no contexto de "máxima rivalidade" junto com outras expressões "depreciativas" ou "zombeteiras" no clássico entre Real e Atlético de Madrid.
O comunicado divulgado pelo Ministério Público considerou que as ofensas não podem ser atribuídas a uma pessoa determinada. A decisão parte da análise feita pela polícia sobre as imagens obtidas pelas câmeras de segurança do estádio. O documento alega que não foi possível reconhecer nenhum dos autores dos insultos por se tratar de um número grande de torcedores reunidos.
Também em setembro, Pedro Bravo, presidente da associação de empresários de jogadores da Espanha, disse em uma emissora de TV que o brasileiro tinha que parar de "fazer macaquice" em campo.
No fim de dezembro, Vinícius Junior voltou a ser alvo de ofensas racistas na Espanha e fez uma publicação no Instagram para criticar a LaLiga, que organiza o Campeonato Espanhol, por não tomar providências diante de episódios do tipo. Ele criticou a liga por falta de iniciativa na busca pelos infratores e foi respondido pelo presidente da entidade, Javier Tebas, que pediu para o atleta "se informar melhor" sobre as ações de combate ao racismo.
O atacante recebeu o apoio de jogadores e técnicos do Campeonato Espanhol, inclusive, de Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid. Após a pressão, a entidade apresentou duas denúncias de racismo, uma delas criminal, enviada aos Juizado de Instrução de Valladolid. A outra, por insultos racistas, foi levada até o Comité de Competições da Federação Espanhola de Futebol e para a Comissão Estatal contra a Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância no Esporte.