A corrida pela liderança do Partido Conservador britânico teve um desdobramento inesperado nesta quinta-feira. Ao contrário da ampla expectativa dentro e fora do partido, Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e uma das principais lideranças da campanha pelo Brexit, anunciou que não disputará o lugar de David Cameron como primeiro-ministro. A decisão abre caminho para que a atual ministra do interior, Theresa May, desponte como principal favorita.
A poucos minutos do prazo final para a inscrição no comitê do Partido Conservador, Johnson anunciou que não concorrerá. “Após ter consultado colegas e tendo em vista as circunstâncias no Parlamento, cheguei à conclusão de que essa pessoa (para ser o próximo líder) não pode ser eu”, disse em uma entrevista realizada no centro de Londres. Johnson disse que seu papel será “dar todo o apoio possível para o próximo governo conservador se certificar de que cumpriremos adequadamente o mandado decidido no plebiscito”.
A decisão do líder da campanha do Brexit chocou lideranças políticas do Partido Conservador e revelou um novo desdobramento da crise política gerada pelo plebiscito realizado há uma semana. A decisão das urnas gerou um racha no partido e Johnson não conseguiu aglutinar sequer os apoiadores conservadores do Brexit. Essa divisão ficou explícita horas antes quando outra importante liderança pró-Brexit, o atual ministro de Justiça, Michael Gove, anunciou que vai concorrer à liderança do partido.
Antes do plebiscito, Johnson e Gove eram os dois principais rostos da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia (UE) dentro do Partido Conservador. Analistas políticos diziam que os dois eram candidatos naturais para a formação de um novo governo pró-Brexit, o qual seria responsável por liderar as negociações com Bruxelas para a saída do bloco europeu.
Theresa May
Sem Boris Johnson, cresce a chance de o próximo primeiro-ministro ser do mesmo grupo político de Cameron. Nesta manhã, a atual ministra do Interior, Theresa May, 59, anunciou que também concorrerá à liderança do Partido Conservador e analistas dizem que é a favorita na disputa. A política esteve ao lado de Cameron na campanha e foi favorável à permanência dos britânicos no grupo europeu.
A política tem discurso mais agregador e cauteloso que o ex-prefeito de Londres. Nesta manhã, Theresa May anunciou que, se for primeira-ministra, não pretende evocar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa antes do fim de 2016. Ou seja, o processo de saída da UE não começaria oficialmente este ano.
Além de Theresa May, a disputa pela liderança do Partido Conservador terá o atual ministro de Justiça, Michael Gove (pró-Brexit), a atual ministra de Energia, Andrea Leadsom (pró-Brexit), o ministro do Trabalho e Previdência, Stephen Crabb (pró-UE) e o ex-ministro de Defesa Liam Fox (pró-Brexit).