A fiscalização internacional sobre armas químicas confirmou, nesta quinta-feira, 12, que o ex-agente russo e sua filha foram envenenados com um agente neural. A Rússia continua a negar as acusações de que é responsável pelo ataque. O relatório dos investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPCW) confirma a identidade do produto químico tóxico utilizado em Salisbury e afirma que a substância é de “alta pureza”, mas não identifica sua fonte. O documento não denomina que o agente nervoso é o Novichok, como a primeira-ministra britânica disse anteriormente, mas detalha a toxina em relatório classificativo.
A Grã-Bretanha culpa a Rússia pelo envenenamento de Sergei Skripal e sua filha, Yulia Skripal. Os dois foram envenenados no dia 4 de março com um agente neural desenvolvido pela União Soviética. Moscou nega envolvimento e diz que nenhuma evidência para sua culpabilidade foi apresentada. O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, comentou o relatório da OPCW, afirmando que os resultados comprovam a tese britânica sobre o caso. “Isso é baseado em testes de quatro laboratórios independentes e altamente conceituados ao redor do mundo. Todos retornaram os mesmos resultados”, explicou.
As descobertas vêm depois que Yulia negou ajuda oferecida pela embaixada russa na quarta-feira. Ela recebeu alta hospitalar e agora se recupera num local não revelado. Seu pai segue internado e se recupera mais lentamente. “Ainda não estou forte o suficiente para dar uma entrevista completa para a mídia, como um dia espero fazer”, disse Yulia em comunicado divulgado pela Polícia Metropolitana de Londres. “Até essa altura, quero salientar que ninguém falar por mim ou por meu pai, a não ser nós mesmos”, ressaltou.
Yulia fez o comentário depois que sua prima Viktoria deu entrevistas sobre as conversas que teve com ela, o que fez o governo britânico alegar Viktoria de ser um peão na disputa com a Rússia. A embaixada russa em Londres questionou a autenticidade das declarações de Yulia, dizendo que foram divulgadas para apoiar visão britânica dos eventos e que aumentam as suspeitas de que ela está sendo mantida contra sua vontade.
Autoridades britânicas “devem fornecer urgentemente provas tangíveis de que Yulia está bem e não está privada de sua liberdade”, disse a embaixada em comunicado. “O texto foi composto de um jeito especial para apoiar as declarações oficiais das autoridades britânicas e ao mesmo tempo para excluir qualquer possibilidade de que Yulia entre em contato com o mundo exterior – consulados, jornalistas e até mesmo parentes”, afirmou o órgão russo. “O documento apenas fortalece a suspeita de que estamos lidando com o isolamento forçado de uma cidadã russa”.